Tropas somalis e da força da União Africana na Somália (Amisom) retomaram neste sábado o porto de Merka, a 100km de Mogadíscio, 24 horas após se retirarem e ser registrada a entrada de islamitas radicais shebab.

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Os shebab, ligados à Al-Qaeda, tomaram ontem o controle deste porto estratégico, que foi um de seus principais bastiões entre 2008 e 2012. As tropas da Amisom haviam se retirado da cidade sem explicação.

“A situação voltou à normalidade. Houve rápidas trocas de tiros, mas os militantes fugiram”, declarou à AFP Abdirisak Mohamed, representante do Exército somali contactado por telefone de Mogadíscio.

“As forças de segurança realizam operações de rastreamento na cidade”, disse. “Vários militantes shebab morreram nos combates, e o Exército somali sofreu uma baixa”, acrescentou.

A Amisom é formada por 22 mil efetivos, principalmente de Uganda (6 mil), Burundi (5.400), Etiópia (4.400) e Quênia (3.600). A reconquista de Merka, cidade histórica fundada no século X, tem importância simbólica e militar para o governo somali e a Amisom.

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Simbólica porque, até sexta-feira, os shebab não haviam tomado o controle de cidades importantes desde o começo da ofensiva da força da UA e das tropas somalis, que os expulsaram de Mogadíscio em 2011.

Militar porque, com a conquista de Merka, os shebab haviam conseguido o acesso ao mar, que há anos usaram para se dedicar a tráficos lucrativos, como o de carvão.

– Aplicação da sharia –

Segundo um habitante, a Amisom usou tanques para reconquistar a cidade, e civis morreram nos combates.

“Quatro pessoas morreram no nosso bairro e duas ficaram feridas. A Amisom e as tropas somalis retornaram à nossa cidade e, agora, realizam operações de segurança”, declarou à AFP Muhidin Osman.

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Assim que chegaram à cidade, os shebab começaram a aplicar a sharia, ou lei islâmica. “A administração islâmica começou a funcionar oficialmente em Merka, e a guerra dos clãs terminou. Ninguém é superior a ninguém, todos são iguais ante a lei divina”, declarou ontem um dirigente shebab, o xeque Mohamed Abu Abdallah, segundo declarações publicadas hoje em uma página shebab na internet.

Merka estava em poder das forças do governo e da Amisom desde agosto de 2012, quando os shebab foram expulsos em combates sangrentos.

Frente à potência mostrada pela Amisom, os shebab foram expulsos de Mogadíscio em agosto de 2011. Em seguida, perderam a maioria de seus bastiões. Desde então, negam-se a travar batalhas frontais e dão preferência a operações de guerrilha e atentados suicidas.

Eles mantêm o controle de zonas rurais e representam uma ameaça tanto para a Somália quanto para os países vizinhos, principalmente o Quênia, onde realizam atentados que, desde 2013, já deixaram mais de 400 mortos.

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