O prédio da época do Brasil Colônia, localizado no Centro da Capital, ao lado da Praça XV de Novembro, tem como destino se tornar o Museu de Florianópolis. O prazo anunciado para que a antiga Casa de Câmara e Cadeia virasse um espaço cultural era março deste ano, porém, a prefeitura ainda não liberou o Habite-se, e sem o documento não há como dar o novo uso proposto para a estrutura.

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Os 865 m² passaram por reforma e foram entregues simbolicamente ao Serviço Social de Comércio (Sesc), em 14 de setembro de 2018, já que a entidade foi a vencedora da licitação que concede durante 20 anos a gestão do espaço. O órgão aguarda pelo documento.

A prefeitura de Florianópolis afirmou que o Corpo de Bombeiros pediu que o vidro do parapeito fosse trocado, pois durante a reforma houve uma mudança na legislação. O órgão afirma estar providenciando a correção.

— No decorrer do mês de agosto a troca estará pronta e poderemos solicitar novamente o alvará para entregarmos ao Sesc essa importante obra para Florianópolis — disse Valter José Gallina, secretário de Infraestrutura do município, em entrevista à NSC TV.

Segundo o Diretor Regional do Sesc Santa Catarina, Roberto Anastácio Martins, a entidade está trabalhando ao máximo para abrir as portas do espaço cultural.

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— Nós temos o prazo de 180 dias para entregarmos o museu. Se a prefeitura enviar essa liberação até meados de agosto, nós vamos fazer o possível para que em quatro meses nós possamos realizar a entrega do espaço. Só depende disso — disse em entrevista à NSC TV.

Ainda conforme Martins, depois de vencer a licitação do edifício, o Serviço Social de Comércio contratou uma empresa de segurança para vigiar o local. Porque durante o período dos reparos, o imóvel foi invadido.

— Como é uma área vulnerável a gente está tendo uma despesa de R$ 17 mil mensais — explica Martins.

Revitalização da estrutura

A reforma do espaço inaugurado em 1780 durou quatro anos. Neste período houve interrupções por conta de escavações arqueológicas. Enquanto os trabalhos ficaram parados, em 2017, vândalos chegaram a invadir o local. Mas em setembro de ano passado, a estrutura teve a obra finalizada.

O valor investido foi mais de R$ 7,5 milhões, aproximadamente R$ 4 milhões foram disponibilizados por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), através do Fundo Nacional da Cultura. Com a revitalização, foi possível recuperar as características históricas do edifício do século 18. Entre os trabalhos efeitos, estão o restauro arquitetônico, modernização, condições adequadas de acessibilidade, restabelecimento da iluminação e climatização das salas.

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Como será o espaço cultural

Museu de Florianópolis, como será chamado, tem no planejamento ser um lugar que retratará a história da Capital catarinense desde o período pré-Cabral. O espaço deve abrigar no piso térreo, ambiente para memórias, as histórias da Casa de Câmara e Cadeia, narrativas orais de personagens de Florianópolis, exposições temporárias, reserva técnica e ambiente para ações educativas, oficinas e palestras.

O investimento de R$ 4 milhões também prevê no primeiro andar, as salas “Grande Projeção”, “Hoje e Amanhã” e “Primeiros Ocupantes” para exposições de longa duração, um corredor com uma linha do tempo e um anexo, onde ficará uma cafeteria, sanitários e a administração.

Atualmente a parte interna do imóvel, que testemunhou grandes momentos e ventos da Capital, não têm características da planta original. As referências foram mantidas somente na parte externa.

História do prédio

O prédio que começou a ser construído em 1771 levou nove anos e 10 meses para ficar pronto. Abrigou posses de presidentes da então província, assim como serviu de salão de bailes importantes. Em 25 de março de 1888, durante uma sessão pública, foi lá que as últimas cartas de liberdade de escravos da Ilha de Santa Catarina foram entregues.

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Acolheu o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Júri e, como todas as Casas de Câmara do Brasil Colônia, serviu de cadeia. No começo do século 20, as grades que separavam os desafortunados da sociedade foram retiradas. Por último, alojou a Câmara Municipal de Florianópolis até 2005. Depois ficou sem atividades.