Desde semana passada quando o ciclone Idai passou por Moçambique, a atenção de Helder Pires Amâncio está voltada para aquele país. Sentimento comum entre os cerca de 20 moçambicanos, a maioria estudantes nas universidades Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Estado de Estado de Santa Catarina (Udesc), que vivem em Florianópolis.
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Com territórios devastados, ainda há muitos lugares inacessíveis e faltam notícias das pessoas. As últimas informações oficiais apontam para 470 mortos em Moçambique e pelo menos 350 incluindo-se vítimas em Zimbábue e Maláui, países também atingidos pela tempestade. Nascido em Beira, cidade portuária mais atingida pela tempestade em solo moçambicano, o doutorando em Antropologia Social pela UFSC está aflito com a situação dos moradores.
— Temos tios e primos que vivem em Beira e lá a realidade é desoladora. Há muita gente que morreu e está desparecida, isso tudo deixa a gente que está longe bastante preocupado — diz Helder.
Um pouco de alívio veio na tarde de sábado, quando ele conseguiu conversar com a mãe, em Maputo, capital do país, e soube que os parentes estão vivos.
— Pelo menos tive esta informação, mas a gente continua com muita tristeza pelo que lá estão.
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Com uma cobertura escassa da grande imprensa, Helder se informa principalmente pelas redes sociais. Além de imagens e relatos, as mídias têm ajudado com iniciativas como a divulgação de canais de apoio com links sobre vaquinhas para doação de fundos.
— Todo esse trabalho é importante, mas é claro que a grande mídia consegue sensibilizar maior número de pessoas. Aqui em Florianópolis, por exemplo, nem todo mundo sabe do que está acontecendo. Só mesmo alguns que possuem contatos nas redes ou mesmo com os cerca de 20 moçambicanos que moram aqui, a maioria estudantes da UFSC e na UDESC — observa.
Helder chegou a Florianópolis em 2014 e ano que vem defende a tese na área de Educação. Para ele, o que ocorreu em Moçambique foi um fenômeno natural agravado por outros fatores ligados a questões políticas econômicas mundiais e locais. Um dos exemplos, destaca, são as mudanças climáticas que têm grande impacto em países periféricos ou pobres. Moçambique, observa, está localizado numa região propensa a desastres como cheias, ciclones, tempestades. Além disso, está margeado pelo litoral do Oceano Índico, onde deságuam grandes rios sendo, portanto, lugar de passagem de água.
Tem ainda a questão das barragens que, conforme informações, foram abertas entre Zimbábue e Maláui, descendo e atingindo o país. Isso tem a ver com uma série de questões.
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— É preciso pensar como os países coordenam estas questões. Pensar em estratégias para evitar grandes consequências e políticas para mitigar essas consequências — diz o doutorando da UFSC.