Foi o desespero que fez com que três dos oito tripulantes que estavam no barco pesqueiro que virou no litoral de Santa Catarina pulassem da embarcação sem colete salva-vidas antes que afundasse por completo. O momento de pânico foi relatado em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21).
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Entre os três estariam Deivid Luiz Monteiro Ferreira, tripulante encontrado flutuando com duas boias em meio ao mar depois de quase dois dias à deriva, Alisson da Silva Santos e Diego Silva de Brito, os dois pescadores ainda desaparecidos.
— Se desesperaram. Foi um momento de pânico dos três, não se preocuparam com os coletes salva-vidas. Isso acontece com todo mundo, é um momento de desespero — contou a defesa de Maurício Manoel da Silva Filho, proprietário do barco, que defendeu ter na embarcação o dobro do número de coletes pedido pela Marinha.
— Eles pularam primeiro. A gente deixou para pular no finalzinho, quando estava afundando a embarcação. Foi muita luta para a gente sobreviver e conseguir pegar a boia. Não deu tempo de nada —relatou Luiz Carlos Messias da Silva, um dos cinco sobreviventes resgatados, assim que chegou em terra no início da semana.
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Uma investigação sobre o acidente será aberta no início de julho, quando questões técnicas sobre a embarcação serão respondidas. O inquérito ocorrerá em sigilo, e deve apurar quem autorizou a entrada da embarcação ao mar mesmo com aviso de ciclone no Estado feito pela Defesa Civil, possível explosão no barco e problemas técnicos apresentados antes da entrada dos pescadores ao mar e relatados pelas famílias após o acidente.
Todos os tripulantes, conforme o proprietário do barco, possuíam registro profissional e carteira assinada, assim como seguro de vida. Os pertences (documentos, carteira de trabalho, e carteira de pescador), porém, foram perdidos junto com a embarcação, conforme informou a defesa.
Durante a coletiva de imprensa não foi respondido de quem foi a decisão de navegar na ocasião.
— O mestre define o local de trabalho. Ele tem equipamento para ver meteorologia, tem tudo isso à bordo. É essencial a vida de cada um, queria que os oito estivessem na balsa — disse Maurício.
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Barco virou
O barco de nome “BP Safadi Seif” virou de cabeça para baixo após dois dias em que os oito tripulantes trabalhavam em alto mar. O acidente ocorreu no momento em que um ciclone passava por Santa Catarina, aviso que feito pela Defesa Civil no mesmo dia em que tripulação saiu de Itajaí, na quarta-feira (14). O retorno em terra dos pescadores aconteceria 15 dias depois.
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Segundo o Corpo de Bombeiros, antes de virar, a embarcação havia passado duas informações: uma automática — do Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite, e outra dizendo para onde eles pretendiam se deslocar para pescar.
Cinco tripulantes foram resgatados uma pequena balsa inflável, cerca de 30 horas depois do acidente. O sexto, foi encontrado flutuando com duas boias em meio ao mar. Três dias depois, o barco foi encontrado de cabeça para baixo, ou seja, emborcou.
A retirada da embarcação do mar é de responsabilidade do proprietário, Maurício Manoel da Silva Filho, conforme determinou a Marinha. Durante coletiva desta quarta, porém, o catarinense afirmou que não tem previsão para recolher o barco, apesar de estar em contato com uma empresa que realiza o serviço.
— Eu não estou nem aí para bem material. Minha prioridade é o resgate dos outros dois — afirmou.
Quem são os dois tripulantes desaparecidos
Alisson e Diego trabalhavam em alto mar há pouco mais de um dia quando o barco virou. Alisson é natural de Paraíba e se instalou em Santa Catarina para trabalhar com a pesca em 2017. Junto com Karine ele forma uma família de quatro pessoas: duas filhas, uma delas menor de idade.
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Diego é natural da cidade de Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte, e está em Santa Catarina há anos. Familiares também residem no Estado, porém, em regiões distintas.
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