Unidos pela vontade de encerrar um ciclo dolorido, parentes e amigos da família assassinada em agosto do ano passado, em Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, externalizaram em pequenos cartazes e fotos, nessa terça-feira (20), o desejo que guardavam consigo a mais de um ano, enquanto esperavam pelo julgamento do suspeito do triplo homicídio, marcado para a quinta-feira (22).
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> Triplo homicídio de família em Alfredo Wagner vai a julgamento; relembre o caso
“Justiça por Mateo, Lora e Carlos” é o que se lê no protesto feito pelas mais de 50 pessoas espalhadas em cidades do Paraná, Rio de Janeiro e da Argentina, além dos moradores do próprio município onde ocorreu o crime.
– Esperamos que se faça justiça, condenando esse falso amigo (da família). Não vai devolver os nossos familhares, mas ele tem que pagar. Minha familha merece um mínimo para poder descansar em paz – diz a filha do casal, Ana Paula Matthes Tuneu, que agora vive na propriedade onde os pais e o irmão caçula foram mortos.
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Os assassinatos de pai, mãe e filho ocorreu entre o final da manhã e o início da tarde do dia 9 de agosto do ano passado. O filho do casal assassinado, Mateo Tuneu, tinha oito anos. Na ocasião, estava de uniforme escolar e aguardava o transporte que o levada à escola, quando foi surpreendido por golpe fatal. A mãe dele, Loraci Matthes, 50 anos, tinha sido assassinada na frente dele, minutos antes. Já o pai, Carlos Alberto Tuneu, 67, foi morto logo depois, à caminho de casa.

– Eu tento não pensar e não falar muito, porque senão, acho que enloqueceria. Muitas vezes sonhava (com a morte dos familiares) e acordava sem poder respirar – relata a mulher que revelou ter sonhado com irmão e trocado áudios com o menino antes do crime, por medo de perdê-lo.
Ana Paula relata que chegou a sofrer depressão após perder a família brutalmente, mas encontrou forças no filho, que já tinha à época dos fatos e no nascimento da filha mais nova, tão desejada pela avó:
– Um mês antes do acontecido, falando com a minha mãe, ela dizia que se sentia mal e que parecia que ia morrer, metaforicamente falando. E eu falei: não antes de eu dar uma netinha, como ela sempre me pedia. Não tem um dia que não são lembrados, a saudade aperta muito.
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Relembre o caso
O argentino Carlos Alberto Tuneu, 67 anos, sua esposa, Loraci Mathes, 50, e o filho do casal, Mateo Tuneu, 8 anos, foram assassinados na área rural de Alfredo Wagner por volta do meio-dia de uma sexta-feira.
O argentino foi encontrado por uma testemunha no caminho de casa, caído ao lado do carro dele, com um sangramento na cabeça e já sem vida. No sítio em que a família morava foram encontradas a mulher e a criança, que aguardava o ônibus para ir à escola.

À época do crime, a Polícia Civil descobriu que mãe e filho foram mortos em questão de 10 minutos, antes do meio-dia. O último assassinato ocorreu cerca de meia hora depois e vitimou o pai, que estava a caminho de casa, aproximadamente um quilômetro distante da propriedade.
Arno Cabral Filho, 44 anos, foi preso em flagrante na cidade vizinha no final do mesmo dia e, posteriomente, acusado de triplo homicídio qualificado. A defesa alega que os assassinatos têm outra autoria, cujo nome deve vir à tona em plenário do Júri, nesta quinta-feira (22). A promotoria não se manifestou em razão de o processo estar em segredo de Justiça.
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Segundo informações dos investigadores, o suspeito teria ido ao sítio na tentativa de eliminar os papéis assinados na noite anterior ao crime, em que reconheceu sua dívida com a família. Os policiais acreditam que a mulher resistiu para entregar os documentos, motivo porque foi atacada. Já o filho, morreu por ter testemunhado o assassinato.