Miguel Angel Almada, 48 anos, é um paraguaio com coração joinvilense. E não é só porque coleciona camisas do JEC e considera a Arena a sua segunda casa nos dias de jogo do Tricolor, mas também pelo fato de a cidade ter dado a oportunidade de Miguel realizar o sonho de ter uma profissão e hoje poder ter orgulho do que faz.
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Miguel vive em Joinville há 30 anos, desde que deixou os pais e sete irmãos em uma pequena cidade do interior do Paraguai. A mudança caiu do céu quando o paraguaio, recém-formado no ensino médio, ganhou a chance de cursar uma faculdade por meio de um programa de intercâmbio entre Brasil e Paraguai.
– Sou de família humilde e dificilmente conseguiria me formar em uma profissão. Vim decidido a ser alguém na vida -, conta.
Entre as alternativas disponíveis pelo programa, Miguel escolheu estudar engenharia na Udesc. Para isso, ele recebia uma ajuda de custo do governo paraguaio para se manter na cidade catarinense. O auxílio, no entanto, não durou muito, pelo menos a tempo de o paraguaio concluir as aulas.
– Eu tinha duas alternativas: ou voltava para o Paraguai ou teria que me virar por aqui -, lembra.
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O jeito foi usar os conhecimentos que Miguel já tinha adquirido no curso de engenharia para dar aulas de matemática em cursinhos, o que depois viraria uma paixão a ponto de fazê-lo trocar de faculdade.
A engenharia ficou para trás. Miguel acabou se formando em matemática pela Univille e é mestre em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
– Já trabalhei em praticamente todas as escolas particulares de Joinville -, estima.
O sotaque continua o mesmo, e é provavelmente a única marca do país de origem que Miguel estampa na primeira impressão.
– Faço questão de não perder o sotaque, porque essa é a minha marca registrada -, brinca.
Em Joinville, Miguel formou sua própria família com a joinvilense Vilma, com quem é casado há 22 anos e tem dois filhos. Foi aqui também que encontrou um ídolo no esporte que sempre foi incentivado pelo pai. O Joinville Esporte Clube hoje tem um carinho especial de Miguel e dos filhos.
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– Sou jequeano fanático e estou sempre na Arena no meio do povo -, diz.
– Vivi os melhores anos do time -, orgulha-se o professor, que em todas as finais do Tricolor veste a camisa da Seleção do Paraguai como um amuleto de sorte.
Mas onde Miguel se sente mais à vontade mesmo é em sala de aula. Com irreverência, ele procura despertar o interesse dos alunos pelo conteúdo, mantendo sempre a confiança nas duas partes.
– Para ser professor é preciso ser uma mistura de Silvio Santos com Albert Einstein -, brinca o professor, que dá aula quase todos os dias nos cursos de comércio exterior e administração de empresas na Univille e para o ensino médio no Colégio Bom Jesus.