Será lançado nesta terça-feira (17) o disco virtual Somos Todos Latinos, em que 16 artistas brasileiros interpretam músicas de bandas da Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Cuba e Espanha. Entre os participantes de sete estados (mais o Distrito Federal), o catarinense Cassim & Barbária aparece com Chica Rutera, do quinteto argentino El Mató a Un Policía Motorizado. A compilação estará disponível para download gratuito com exclusividade no site Scream & Yell.
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De acordo com o diretor artístico da coletânea, o jornalista Leonardo Vinhas, a proposta é apresentar um recorte do universo pop rock dos países hispânicos que, por desconhecimento ou discriminação, acaba sendo ignorada pelo público médio do Brasil. – Latino virou designação étnica preconceituosa, no pior dos casos, ou um “nicho de mercado” – justifica. – Mesmo nos sentindo culturalmente distantes dos outros países da América ou até da Espanha, Itália e França, dos quais nos afastamos por questões idiomáticas e históricas, nós também somos latinos.
Vinhas morou dez anos em Foz do Iguaçu (PR), onde descobriu a cena musical dos vizinhos e não parou mais de acompanhá-la. Em 2011, criou a coluna Conexão Latina no Scream & Yell. Agora, vem com essa coletânea.
Os convidados tiveram liberdade para decidir o quê e como iriam gravar. Teve gente que fez versão fiel, teve gente que transformou o original. Dos escolhidos, o mais conhecido por aqui é o uruguaio Jorge Drexler, revisitado pela cantora carioca Vivian Benford em La Edad del Cielo. Foram pinçadas ainda canções do repertório de nomes famosos a oeste do Tratado de Tordesilhas (Soda Stereo, Aterciopelados), clássicos (Charly Garcia, Pescado Rabioso), tradicionais (Eduardo Mateo, Silvio Rodríguez) e alternativos – como a banda de La Plata homenageada pelos catarinenses.
– Optamos por uma música que tem um espírito mais kraut [rótulo atribuído a bandas alemãs dos anos 70, identificado pelo uso de ruídos, colagens e improvisação], com aquelas repetições. E também a letra é ótima e converge com o tipo que temos feito. Um verso bem bom é mais do que o suficiente – explica Eduardo Xuxu, do Cassim & Barbária.
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Segundo ele, apesar das diferenças na sonoridade, a intenção foi manter as características do El Mató e, de alguma forma, explorar as próprias: vocalizações, dissonâncias e processamento de alguns instrumentos.
– Quando o Leonardo nos falou do projeto, nem consideramos a hipótese de escolher algum artista de outro país por sermos fãs da música argentina e das nossas ligações pessoais com o país. Somos argentinos de alma.
Veja quem gravou quem: