Um tribunal japonês ordenou nesta quarta-feira a interrupção das atividades de dois reatores nucleares da central de Takahama (oeste) por razões de segurança, evocando o precedente desastre de Fukushima.

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Com esta decisão, de aplicação imediata, só ficam em funcionamento dois reatores no arquipélago, enquanto dezenas estão desempregados como resultado do acidente de Fukushima, no nordeste do país.

A decisão adotada pelo Tribunal Distrital de Otsu ordenou o desligamento da rede de distribuição dos reatores 3 e 4 da central de Takahama, localizado a 350 km a oeste de Tóquio, operada pela Kansai Electric Power.

“À luz do acidente de Fukushima (…), persistem questões sobre as medidas de proteção diante de um tsunami e sobre os planos de evacuação”, disse o magistrado que preside o caso, citado pela emissora pública NHK.

“Não podemos afirmar que a empresa tenha dado explicações suficientes sobre questões de segurança” na central, afirmou.

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Os demandantes, 29 moradores da prefeitura de Shiga (ao lado de Fukui, onde os reatores estão) receberam a sentença com alegria, agitando cartazes exaltando “a coragem do júri”.

“É uma vitória histórica”, declarou Hisayo Takada, da organização ambielatista Greenpeace no Japão.

“O tribunal envia uma mensagem clara para o setor nuclear, uma semana após a decisão de indiciar por negligência ex-dirigentes profissionais da empresa que operava a central de Fukushima”, disse Takada.

– Um golpe para Abe –

A decisão representa um duro golpe para os planos do primeiro-ministro conservador Shinzo Abe para reativar os reatores que tivessem obtido certificados de conformidade com as novas regras, endurecidas pela Autoridade Nuclear japonesa após o acidente.

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“A avaliação [da Autoridade nuclear] de que estes reatores estão em conformidade com as normas mais exigentes do mundo não mudou”, apesar do parecer do tribunal, disse o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, numa coletiva de imprensa.

A Kansai Electric Power disse ser “lamentável e inaceitável” a decisão do tribunal de Otsu.

“Tentaremos demonstrar a segurança dos reatores 3 e 4 de Takahama”, disse um porta-voz da empresa em uma conversa por telefone com a AFP.

Esta é a primeira vez que a justiça ordena deter a operação de instalações nucleares que foram reativadas.

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Takahama 3 foi reativada em janeiro e em fevereiro foi conectada à rede elétrica, apesar de perguntas de grupos ambientalistas.

Takahama 4 foi reativada no final de fevereiro, mas teve de ser desligada três dias depois por conta de um problema técnico. Na verdade, ainda está inativa – embora a empresa estivesse trabalhando para religá-la o quanto antes.

As queixas já tinham obrigado a Kansai Electric Power a atrasar por vários meses os dois reatores, mas em dezembro passado um tribunal de apelação decidiu em seu favor.

O tsunami que derrubou a central de Fukushima em março de 2011 foi causado por um terremoto de magnitude 9.

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Oficialmente, ninguém morreu em decorrência da radiação da usina, embora as autoridades reconheçam que centenas de moradores da área morreram pelas consequências da catástrofe, a evacuação difícil ou a degradação de suas condições de vida.

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