Um tribunal de falências de Nova York aprovou de forma extraordinária a venda dos ativos americanos do banco de investimento Lehman Brothers, que se declarou em concordata há seis dias, ao britânico Barclays.

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Os processos de falência costumam demorar muito tempo para serem julgados nos Estados Unidos, pois quando uma empresa recorre à proteção do chamado “Capítulo 11”, tem início um longo trâmite de negociação com os credores e de elaboração de um plano de reestruturação.

No entanto, a gravidade da crise que está afetando os mercados financeiros e a falta de uma saída viável para este banco de investimento levou o juiz de Manhattan James Peck a aprovar de maneira rápida a venda ao Barclays dos ativos de Lehman Brothers por um valor de US$ 1,75 bilhão.

O juiz precisou rejeitar as objeções colocadas por muitos dos credores de Lehman, que se queixavam de que o processo estava sendo tramitado muito rapidamente, e aceitar a proposta do Barclays, consciente de que era a única que havia sobre a mesa e que seria uma operação que ajudaria a estabilizar os mercados.

– Preciso aprovar esta operação, porque é a única disponível. O Lehman Brothers se transformou em uma vítima deste tsunami o qual se tornaram os mercados de crédito, e isto me entristece – disse o magistrado, quando anunciou sua decisão, após a meia-noite de sexta-feira em Nova York (1h de sábado em Brasília).

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O acordo entre o Barclays e o Lehman foi firmado em 17 de setembro, dois dias depois que o banco de investimento dos EUA declarou concordata, arrastado pelos ativos “tóxicos” relacionados com a crise hipotecária americana.

Esta transação permitirá salvar dez mil empregos e proteger as contas de clientes do Lehman Brothers, que chegam a cerca de US$ 138 bilhões. O acordo implica na venda ao Barclays da unidade de renda fixa e variável do Lehman, assim como as unidades de trading (intermediação da bolsa) e de pesquisa.

Com a operação, o banco britânico assume também compromissos com os empregados do Lehman no valor de US$ 2,5 bilhões, e custos de modificações de contratos de US$ 1,5 bilhão. No momento de declarar a concordata, o Lehman justificou perante o juiz que tinha dívidas acumuladas de US$ 613 bilhões, e ativos no total de US$ 639 bilhões. Agora, o banco de investimento precisa vender seus ativos no Japão, apesar de já haver negociações com o Barclays e também com o Mitsubishi UFJ Financial Group, segundo a imprensa especializada.

Cogita-se também a venda de alguns ativos na Europa, como a unidade de finanças corporativas e de gestão de ativos. Entre os potenciais compradores estão o Barclays e o banco japonês Nomura Holdings Inc.

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