A Suprema Corte do Paquistão adiou por tempo indeterminado o julgamento da cristã Asia Bibi, condenada à morte por blasfêmia. A decisão acontece após a renúncia de um dos três juízes do tribunal.

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O magistrado Iqbal Hameed ur Rehman afirmou que sua renúncia se deve ao fato de já ter participado no julgamento do assassinato de Salman Taseer, ex-governador liberal de Penjab. O político foi supostamente morto por ter defendido a mulher.

— Os dois casos estão ligados — justificou.

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Asia Bibi foi julgada em 2010 com base em uma polêmica lei após uma discussão com uma muçulmana por um vaso de água. Ela está há vários anos no corredor da morte de uma penitenciária paquistanesa.

O assassino do ex-governador Salman Taseer, Mumtaz Qadri, foi enforcado no início de 2016. A decisão foi elogiada pelos liberais, levando os conservadores a exigir a execução de Bibi. Os advogados da mulher pedem que a Suprema Corte anule a condenação à pena de morte.

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Em seis amos de batalha judicial, o caso se tornou emblemático dos excessos da legislação contra a blasfêmia que, segundo os críticos, é muitas vezes utilizada para ajustes de contas com acusações falsas.

Legislação

No Paquistão, onde o Islã é a religião de Estado, a blasfêmia é um tema muito delicado. A lei prevê até a pena de morte para pessoas consideradas culpadas de ofensa ao Islã.

Acusações simples podem provocar cenas de linchamento. Como minoria, os cristãos costumam ser alvos frequentes.

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O caso de Asia Bibi teve repercussão mundial, com declarações dos papas Bento XVI e Francisco. O primeiro pediu sua libertação e o segundo recebeu sua filha em 2015 e rezou pela condenada.