Se tem alguém com o Figueirense entalado na garganta há longa data, chama-se Nereu Martinelli. Mais do que os atletas que perderam o título do Catarinense para o rival no ano passado, é o presidente do Joinville quem conta os dias à espera da revanche sobre o time da Capital – o primeiro jogo da final será neste domingo, no Orlando Scarpelli.
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Isto porque, além do ano passado, o mandatário do JEC viu a taça escapar para o Figueira na decisão de 2006 e também em 2003, quando atuava nos bastidores do Caxias em Joinville.
-Sou especialista em perder para o Figueirense, são três vices – anunciou, em tom espirituoso.
É por esse e outros motivos que esta semana será diferente de todas as outras para o Tricolor, diz Nereu. Num bate-papo com a imprensa nesta segunda-feira, quando apresentou o zagueiro Dankler, o presidente reforçou que os próximos dias serão carregados de concentração, trabalho e segredo. Treinados fechados não estão descartados e a concentração dos atletas será feita no hotel em vez do CT do Morro do Meio.
Por estratégia ou não, Nereu Martinelli também jogou todo o favoritismo para o time do Estreito. Mas observou que o primeiro jogo, em Florianópolis, pode decidir de que lado ficará o caneco. A arbitragem do clássico também rendeu considerações por parte do presidente. Mesmo sem esconder certa preocupação com o nome a ser definido, ele adotou um discurso conciliador.
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-O que a gente quer é que, independentemente do árbitro escalado, que eles apenas se limitem a fazer aquilo que devem fazer, sem favorecer nem Figueirense nem Joinville – defendeu
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A SEMANA
-Vou ter uma conversa com os atletas daqui a pouco, passando para alguns que nunca decidiram um título em Santa Catarina. Pelo menos uns dez estavam no ano passado, acrescentando os meninos da base que subiram esse ano. É uma semana diferente de todas as outras que o Joinville passou esse ano. É uma semana em que a adrenalina sobe, controlar o emocional é difícil. Isso não só internamente, acaba se transferindo para o torcedor.
SEGREDO
-Uma semana de muita concentração, trabalho, segredo, muito sigilo. Se tiver que fazer treino fechado, será feito. Porque lá em Florianópolis já estão fazendo isso há tempo. Não vou pedir para fazerem treino fechado porque acho que isso não ganha jogo. Mas é uma semana diferente e, tudo aquilo que a comissão técnica me pedir, vou liberar. É uma semana diferente principalmente porque, desde 2001, o Joinville não decide um título catarinense em casa.
-Sou especialista em perder para o Figueirense, são três vices. Precisamos de muita concentração, muito cuidado dos atletas com a alimentação. Uma semana em que todo mundo precisa trabalhar e descansar. É esse discurso que vamos passar para os atletas.
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FAVORITISMO
-Não existe favoritismo. Na minha opinião, o resultado de Florianópolis vai encaminhar muito o título catarinense de 2015. Tudo o que eu falar além disso vai ser balela, não vai acrescentar absolutamente nada. Existem algumas coisas internas que vou tratar com os atletas. Não é premiação, porque isto está decidido desde o início do campeonato. Mas coisas internas. E não vamos dar oportunidade nenhuma para que o adversário use em benefício. Nunca se colocou o Joinville como favorito ao título.
-Sempre disse que o Figueirense era o favorito. E disse isto porque o Figueirense manteve uma estrutura de Série A e o Joinville, de Série B. E a Chapecoense também manteve base de Série A. Tanto que os dois chegaram. E o Figueirense mostrou superioridade, que foi se igualando ao Joinville a partir do momento em que novas peças foram chegando e aqueles atletas no departamento médico estão retornando.
ARBITRAGEM
-O Joinville, em momento algum, vetou algum árbitro em Santa Catarina. Houve o episódio numa partida entre Criciúma e Joinville, em que aconteceu a expulsão do nosso treinador. Onde ele me disse, e acredito naquilo que ele me falou, discutiu com o Héber (Roberto Lopes). E eu dei uma resposta naquele dia até defendendo a instituição Joinville, não ofendi ninguém. Em momento algum liguei ao presidente da federação vetando qualquer árbitro.
HÉBER ROBERTO LOPES
-Temos excelentes árbitros. O Héber Roberto Lopes apitou Cruzeiro e Atlético, e apitou Libertadores na semana passada. O que a gente quer é que, independentemente do árbitro escalado, que eles apenas se limitem a fazer aquilo que devem fazer, sem favorecer nem Figueirense nem Joinville.
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-Não estou preocupado com a arbitragem, uma das coisas que vou falar aos atletas é justamente isso. Se você já estiver preocupado com um árbitro na segunda-feira, com uma partida que será no domingo, vou ficar preocupado a semana inteira. Não sou masoquista em ficar sofrendo antecipadamente.
TRANQUILIDADE
-Decisão é sempre uma partida diferente. Então, em muitas situações a gente culpa os árbitros, mas a gente não acompanha o comportamento do atleta dentro de campo. Temos exemplos que aconteceram dentro do nosso estádio, onde o atleta teve que ser expulso justamente por uma atitude que não deveria agir como atleta.
RIVALIDADE
-Naquela ocasião (final de 2014), fiquei insatisfeito pelo tratamento que nós tivemos, a diretoria e os patrocinadores, no Orlando Scarpelli. Esse assunto já está superado, recebemos o pessoal do Figueirense duas vezes. Minha relação com o presidente do Figueirense é excelente, nós já tivemos a vinda do Jean Deretti de lá para cá emprestado. Vamos deixar as coisas se resolverem nas quatro linhas. Se depender do Joinville, o Figueirense virá tranquilo, sem problema algum. Vamos deixar arbitragem e jogadores se resolverem dentro de campo.
CONCENTRAÇÃO
-Posso garantir que a concentração contra o Figueirense será feita no hotel e não no CT. A reserva, inclusive, já está feita. O Joinville já vinha se planejando e já tem isto feito.
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INGRESSOS
-Vamos limitar a venda de ingressos para evitar a questão dos cambistas. Tanto que não aumentamos o valor dos ingressos para dar ao torcedor a oportunidade de ver a decisão. Vamos manter um controle rígido. Evitar é difícil, é igual camisa pirata. Vamos fazer o possível para evitar isso. São 28 anos sem jogar uma Série A, são 14 anos sem decidir em casa um Catarinense. Chegou o momento de o nosso torcedor ter uma oportunidade de ver seu Joinville, ganhando ou perdendo.
REFORÇOS PARA A SÉRIE A
-Talvez eu tenha até me antecipado demais em formar já uma equipe de Série A para a estreia, mas o mercado me possibilitou isso. Eu tenho certeza de que as equipes que forem ao mercado agora terão muita dificuldade em buscar jogadores. E vai chegar mais um jogador esta semana. Aí vão dizer: “mas já tem 12”. E vão ter 13 (atacantes). É um atleta que já tem pré-contrato assinado faz dois meses. Por isso eu tenho que pensar em agregar qualidade.
-Vamos ficar com 32 atletas. Alguns meninos vão ficar trabalhando com o profissional, outros serão emprestados. Série A é diferente de tudo, não podemos dar mole esse ano. Vai vir um volante de certeza. Posso dizer que atrás está fechado, no meio está faltando um ou dois volantes. Por enquanto, vamos começar a Série A desta forma. Entendo que o Catarinense não é parâmetro para Série A.