Não se deixe enganar pelos diminutivos: os testes do pezinho, do olhinho e da orelhinha são essenciais para detectar nos recém-nascidos uma série de males que, se tratados precocemente, podem ser curados ou controlados.

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Teste do pezinho

É uma triagem neonatal – que deve ser realizada entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê – para detectar doenças metabólicas, genéticas e infecciosas danosas ao sistema neuropsicomotor da criança.

As patologias são pesquisadas nas gotinhas de sangue tiradas do calcanhar da criança. A despeito da apreensão das mães na hora do exame, a escolha do calcanhar do bebê é justificável: a área é repleta de vasos sanguíneos, o que possibilita uma coleta rápida com um único furo pequeno.

– É um exame fundamental, porque algumas enfermidades reveladas por ele causam sequelas irreparáveis ao desenvolvimento físico e mental das crianças – reitera a pediatra Jucille Meneses, vice-presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

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De fato, por sua importância, o exame do pezinho é garantido pela legislação brasileira desde 1992. A triagem disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) identifica apenas a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a anemia falciforme e a fibrose cística – “doenças raras, que provocam grandes estragos”, segundo a pediatra Jucille.

– A fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito causam retardo mental. O diagnóstico precoce, no entanto, permite o início do tratamento nas primeiras semanas de vida, evitando essa deficiência que, uma vez manifestada, já não pode ser tratada com sucesso nem ser revertida – diz.

A fenilcetonúria é um mal genético. Seus portadores não possuem a enzima fenilalanina hidroxilase, que promove o metabolismo do aminoácido fenilalanina, existente em proteínas de carne, leite e ovos. Com isso, o aminoácido se acumula no sangue e em todos os tecidos, e este excesso provoca lesões irreversíveis no sistema nervoso central. O tratamento consiste em uma dieta pobre em fenilalanina por um tempo variável. Já o hipotireoidismo congênito é um distúrbio causado pela produção deficiente de hormônios da tireoide, muitas vezes por conta de um defeito na formação da glândula.

Teste da orelhinha e do olhinho

Os ouvidos do bebê também devem ser testados nos primeiros meses. Dados da Sociedade Brasileira de Otologia revelam que entre 50% e 75% das deficiências auditivas são passíveis de detecção por meio do teste da orelhinha.

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A fonoaudióloga Débora Chagas alerta que, infelizmente, assim como o exame do olhinho, o da orelhinha ainda não é exigido por lei. Segundo ela, esse teste deveria fazer parte da rotina de toda maternidade, pois garante a detecção precoce da deficiência auditiva e a oportunidade de a criança com problemas auditivos ter uma linguagem verbal mais próxima da realidade.