A Zona Norte de Joinville concentra o maior número de indústrias e os maiores campus universitários da cidade. Por isso, quando a manhã começa e quando a tarde está chegando ao fim, é comum que a mobilidade da região fique problemática: o trânsito complica já no fim da rua João Colin, onde há interseção com a rua General Câmara para levar o motorista para a rua Tenente Antônio João e onde os motoristas que vem da rua Dona Francisca param para poderem seguir em frente na mesma via ou fazer o retorno para a rua Blumenau. Além deste gargalo, o grande fluxo de veículos que seguem pela Tenente Antônio João ou que retornam para o Centro pela Avenida Santos Dumont causa filas nestes acessos principais e em suas laterais.

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Há pouco mais de dois anos e meio, foi implantado um binário entre as ruas Tenente Antônio João e a avenida Santos Dumont, com o objetivo de dar mais fluidez ao sistema viário da região. Essas vias estão situadas nos bairros Bom Retiro e Santo Antônio, respectivamente, mas também são as responsáveis pelo acesso da região central ao Distrito Industrial Norte e ao Jardim Sofia — bairros que, juntos, têm mais de 30 mil moradores. Distribuídos nos horários de pico, entre 7 e 8 horas da manhã e das 18h às 19 horas, pelo menos 12 mil estudantes universitários também dirigem-se às universidades localizadas no fim da rua Tenente Antônio João e na rua Dona Francisca. Há, ainda, pelo menos 200 empresas de pequeno, médio e grande porte localizadas somente no Distrito Industrial Norte, com demandas de funcionários e de transportes que precisam das mesmas ruas.

Apesar de a prefeitura ter oferecido uma solução recentemente para a mobilidade da zona Norte, os moradores não estão satisfeitos com a situação do trânsito. Na última terça-feira, integrantes da Associação de Moradores do Bom Retiro foram à reunião da Comissão de Urbanismo da Câmara de Vereadores para pedir novas mudanças. Segundo o presidente da Associação, Dormino Bernardes, na reunião foram levados problemas como a falta de duplicação em um dos trechos da avenida Santos Dumont — que levou à criação do binário com a Tenente —, a abertura de duas ruas laterais que, atualmente, não tem saída mas poderiam ligar as duas vias principais; e a transformação de outras ruas laterais em mão única.

— As pessoas precisam ter acesso às universidades e às empresas e acumula muitos veículos. Isso acontece principalmente na Tenente, onde os carros disputam espaço com os ônibus. Nas laterais, as pessoas chegam a ficar até 15 minutos só para conseguir acessar a rua principal — avalia Dormino.

Uma destas laterais onde a lentidão faz parte da rotina é a rua Otto Nass, onde forma-se uma fila que, em alguns dias, toma totalmente seus 450 metros de extensão. Na quarta-feira à noite, quando a equipe de reportagem esteve no local, Luciano Bertoldi entrou na rua e só conseguiu chegar à metade da rua antes de ficar parado.

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— Eu busco meu filho no trabalho todos os dias, e todo dia é assim — contou ele, confirmando que o tempo de espera chega a 15 minutos só para acessar a Tenente Antônio João.

Segundo a Prefeitura de Joinville, a implantação do binário da Santos Dumont com a Tenente Antônio João organizou o fluxo da região e melhorou a fluidez à época da execução, em 2016. Em nota, a administração municipal divulgou que, "como, desde então, a frota de veículos continuou crescendo consideravelmente e, como consequência disso, o trânsito na região voltou a registrar pontos de congestionamento nos horários de pico, este fato demonstra que somente o alargamento ou implantação de binários não resolve o problema de mobilidade urbana em definitivo".

FICHA

Zona Norte

Gargalo: Ruas Tenente Antônio João e avenida Santos Dumont, e rua Dona Francisca

Problemas: As ruas Tenente Antônio João e avenida Santos Dumont tornaram-se um binário em 2016, com a primeira fazendo o trajeto em mão única para a região Norte e a segunda, no sentido contrário, devolvendo o fluxo ao centro. Há outras opções de acesso à zona Norte para quem sai da região central, como a Marquês de Olinda e a rua Dona Francisca. No entanto, nos horários de pico, todas tem fluxo intenso e formam filas. Além disso, apesar de a Tenente Antônio João ter ciclofaixa, falta mobilidade para os usuários de ônibus: são pelo menos 12 linhas que, no horário de pico, precisam passar pelas duas pistas.

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Consequências: Há formação de filas não só nas ruas principais mas também nas vias laterais. Nessas, os motoristas enfrentam dificuldades para acessar a Tenente Antônio João e a Santos Dumont.

Soluções: A Prefeitura informou, via nota, que, já que a implantação do binário não solucionou o problema a longo prazo, mudanças de comportamento são vistas como soluções mais eficientes a longo prazo, como por exemplo, o compartilhamento de veículos, uso do transporte coletivo e de transportes ativos para os deslocamentos diários. Além disso, há implantação de mão única na Otto Nass em direção à Santos Dumont e da Germano Wetzel com sentido à Tenente Antônio João. A Prefeitura também informou que a duplicação da Dona Francisca está pendente para obtenção de recursos — atualmente existe o projeto executivo, porém sem previsão de execução desta obra a curto prazo. Melhorias paliativas estão sendo estudadas como a inserção do trecho da Rotatória do Tecelão (em frente à Döhler) até a Estrada da Ilha na nova contratação de requalificação asfáltica. Além disso, com o uso de software de simulação de tráfego estão sendo elaborados cenários para análise de alterações viárias na rotatória que envolve as ruas Dona Francisca, Hans Dieter Schmidt e Edgar Meister. A Prefeitura de Joinville ainda disse que busca recursos para obras de melhorias nesses eixo viários importantes da cidade – Dona Francisca, Hans Dieter Schmidt, Edgar Meister e Eixo K (ligação direta entre a Hans Dieter Schmidt e a Dona Francisca).