A cada hora que passa, três pessoas são presas em Santa Catarina. Por dia, a média é de 72 suspeitos detidos. Entre casos de flagrante e cumprimentos de ordens judiciais, o ano de 2016 terminou com 26,6 mil catarinenses presos pela polícia. A reportagem do DC obteve os números em consulta ao banco de dados atualizado pela Secretaria do Estado da Segurança Pública.
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Os registros dos últimos cinco anos tiveram ligeira variação, entre ascensões e quedas, mas as estatísticas revelam que a proporção de prisões hoje é consideravelmente maior do que no início da década. No ano passado, por exemplo, cada dia terminou com pelo menos 16 prisões a mais nas cidades catarinenses do que em 2011.
Florianópolis concentra a maioria das detenções no Estado, com quase sete prisões diárias no último ano. Joinville aparece em seguida, com quase cinco casos por dia. As apreensões de adolescentes também não param de crescer desde 2011. Em média, pelo menos cinco adolescentes foram tirados das ruas pela polícia no ano passado em Santa Catarina.
Mesmo considerando apenas os adultos, os números indicam que a capacidade do sistema prisional do Estado não acompanha o ritmo de prisões. Há 14,3 mil vagas nas unidades prisionais catarinenses, segundo dados da Secretaria do Estado da Justiça e Cidadania, e um déficit que já chega a 4 mil vagas.
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Ou seja, as celas dos presídios ficariam ainda mais superlotadas se todos os detidos fossem efetivamente privados de liberdade — apesar de entrarem para as estatísticas, parte dos suspeitos é liberada após o flagrante.
Só entre janeiro até o último dia 10 de fevereiro, segundo o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Henrique Hemm, mais 5,3 mil pessoas foram conduzidas pela PM para delegacias no Estado.
Reincidência ocorre na maioria dos casos
Ao menos oito entre cada dez presos, conforme o comando da PM, são reincidentes no crime. Enquanto autoridades da segurança pública encaram o quadro como um sintoma de impunidade, há quem defenda que o problema passa pela atual política de encarceramento e de enfrentamento ao crime.
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Defensora pública em Santa Catarina, a doutoranda em direito Fernanda Mambrini Rudolfo entende que a multiplicação de presos no país não teve reflexo positivo no combate à violência. Na avaliação da defensora, o endurecimento das leis em relação às drogas também contribuiu para que a punição virasse prioridade, deixando questões sociais em segundo plano.
Ouvidos pela reportagem, tanto o comandante-geral da PM quanto a defensora pública concordam em um ponto: o atual modelo de ressocialização é falho.
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