A viagem para chegar até aqui foi desconfortável. Em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), onde o acento era duro e o balanço da turbulência chegava a embrulhar o estômago, a aterrissagem no Brasil foi um alívio para ao menos três cubanos. Não só porque eles colocaram o pé no chão.

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Mas porque será, a partir de agora, nestas terras tupiniquins, que eles vão garantir uma vida e um emprego novo, além de uma oportunidade, que como eles mesmos consideram, de aprendizado.

Os médicos de Cuba Nídia Caridad Gomez Soares, 36 anos, seu companheiro Lazaro Jesus Dominguez Diaz, 45, e a colega Lina Belkes Gomez Santana, 43, chegaram no País na segunda etapa do Programa Mais Médicos. Depois de duas semanas de treinamento em Brasília e mais orientações em Florianópolis, no começo de dezembro, o trio foi deslocado ao seu novo lar: Araquari.

Confira uma galeria de fotos com as pessoas que mudaram de vida

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Ao percorrerem a cidade, pareciam estar satisfeitos. Até o local, segundo eles, lembra a ilha da América Central. Na praça do Centro, a maria-fumaça que fica em exposição chamou a atenção. Na terra deles não tem, brincaram.

O casal Nídia e Lazaro, por sorte, conseguiu trabalhar no mesmo posto de saúde, no Centro de Araquari. Ele deixou dois filhos em Cuba, de outro casamento. A saudade será aliviada uma vez por ano, quando os médicos cubanos podem passar um mês de férias no país. O contrato deles é de três anos de trabalho.

Já Nídia deixou familiares, mas eles estão acostumados com a distância. Os três médicos já atuaram em programas internacionais de saúde, na Venezuela e na África.

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Mas quem está com o coração apertado mesmo é Lina, que vai trabalhar no posto de saúde do bairro Itinga.

Seu marido ficou em Cuba com dois filhos, um de 15 e outro pequeno de três anos. Ao falar em como vai ficar esta saudade, ela levantou os ombros, com aquele olhar tristinho que só mãe consegue transmitir. A apreensão é visível, mesmo sabendo que os filhotes estão em boas mãos.

Deixando a saudade de lado, ao falar de trabalho, o trio mostrou satisfação. Para a comunidade, não importa se a língua é diferente, o que vale é se o atendimento é eficaz. E os médicos afirmam que estão preparados para isso.

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O que chamou a atenção deles para vir ao Brasil participar do programa?

– Cuba ama o Brasil – resumiu Nidia.

Além da oportunidade de aprendizado, de aventura, de experiência e em fortificar o desejo que eles possuem em trabalhar com saúde da família, os três cubanos tem um único objetivo no Brasil: realização de vida, a começar por 2014.

Para quem deseja transformar sua rotina e viver uma nova experiência, eles sugerem pensar em todos os poréns: famílias, amigos, dinheiro. Após a análise, arrisque-se. Esta, para eles, é a melhor forma de mudar.