Na adolescência, as mudanças parecem acontecer da noite para o dia. A súplica por colo vira o pedido por carona no meio da madrugada, as negativas são rebatidas com “por que não?” e os calorosos abraços na porta da escola deixam de ser um alívio e se tornam um mico.

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Se todo mundo diz que a adolescência é uma fase confusa para o jovem que vive a transição da infância para a vida adulta, talvez seja ainda mais difícil para os pais, que caem do alto do trono de provedores de segurança e carinho para o posto de supervilões: chatos, quadrados e sempre dando um jeito de atrapalhar a vida dos filhos. Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, nessa relação, quase sempre, quem dificulta o caminho são os pais.

– Está na hora de eles entenderem que o melhor que podem fazer pelo filho é tornarem-se inúteis. Porque a tarefa deles é formar um filho apto a uma independência saudável. Os pais têm que se informar mais e melhor e preparar o filho para o mundo lá fora – diz.

Abaixo, algumas lições que podem ajudar neste momento de mudanças e dificuldades.

Lição 1

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Melhore a comunicação

Aquela velha história de padecer no paraíso deve ter sido criada exatamente por um pai de adolescente. Haja dúvidas, medos e tropeços. E, especialmente, sentimentos de insegurança: será que ele ainda me ama? Será que vai se perder no caminho? Onde foi que eu errei? Nessa corda bamba entre a carência e a necessidade de segurar as rédeas da puberdade, surge o afastamento. O filho passa o dia trancado no quarto e, quando qualquer possibilidade de conversa começa, em pouco tempo as fagulhas aparecem.

De acordo com Roger McItire, psicólogo infantil e professor da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, os pais têm de encarar o fato de que os filhos são do mundo, e que a melhor maneira de conviver bem é entrar no jogo deles.

O psicólogo reconhece que uma conversa produtiva com adolescentes pode parecer difícil. Mas os pais devem se lembrar dos seus 14, 15 anos e de como detestavam o ar crítico, autoritário e educador dos diálogos iniciados pelos pais. A dica é tentar passar a mensagem, sem julgá-los ou orientá-los a todo momento.

Lição 2

Assuma a autoridade

Para equilibrar cobranças como notas, horários e organização, boas doses de autoestima são fundamentais. Segundo a orientadora educacional Solange Hellou, é muito importante que o pai não deprecie o filho.

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– Os adolescentes são maravilhosos, têm uma energia incrível. É preciso valorizá-los. Tem que demonstrar mais amor – afirma Solange.

Içami Tiba acredita que demonstrar afeto é importante, mas certas adulações são desnecessárias. Por exemplo, premiar o filho quando tira uma nota boa ou se alimenta bem é errado.

– Ele não pode achar que está fazendo uma coisa fantástica, um favor. Se esforçar no colégio e comer bem são obrigações – diz.

Lição 3

Evite bancar o espião

Para a psicóloga Michelle Falcão, bancar o espião, no mundo real ou no virtual, só é válido quando existe algum motivo ou desconfiança de que o filho pode estar em perigo. Se o filho anda na linha, uma simples bisbilhotagem desmascarada pode prejudicar o relacionamento entre pais e filhos.

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– Tem certas coisas, como drogas, em que não há meio termo. Os pais têm mesmo que intervir. Mas não adianta só bisbilhotar. Uma conversa franca com o filho pode render muito mais frutos – acredita Michelle.