Mesmo em sua terceira reprise, O Rei do Gado está fazendo muito sucesso no Vale a pena Ver de Novo. A novela, que foi originalmente exibida entre 1996 e 1997, e reprisada em 1999 e em 2011, aumentou os índices de audiência das tardes da Rede Globo e prova que um clássico sempre tem lugar guardado no corações dos noveleiros.
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Mas o que será que a famosa trama poderia ensinar à nova novela das 21h, Babilônia? Esta última tem sofrido rejeição considerada do público e ainda não conseguiu emplacar bons números no Ibope. Entretanto, sobre esses mesmos números, a crítica especializada faz ressalvas:
– Não se pode comparar uma novela de 17 anos atrás, que fez um grande sucesso, com uma novela que não faz sucesso nos dias de hoje. A medição de Ibope mudou muito de lá para cá. Os 50 pontos de 1996 não correspondem mais a 50 atualmente – destaca o colunista de TV e novelas do UOL, Nilson Xavier.
Mas, para Michele Pradella, autora do blog Noveleiros, a discrepância entre os dois folhetins se resume ao elenco de vilões e mocinhos:
– Em Babilônia, há muitos personagens totalmente sem caráter, o que torna impossível uma identificação com o público. Já os mocinhos são bons demais, justiceiros ao extremo e também acabam sendo bem distantes da realidade. Em O Rei do Gado, o protagonista, vivido por Antonio Fagundes, é um homem bom, mas cheio de falhas, é um “herói real”, por quem fica fácil de torcer. Acho que Babilônia peca pelos extremos, mostra uma realidade tão nua e crua que acaba afastando o telespectador.
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Veja o que Babilônia poderia aprender com O Rei do Gado:
Foco no amor
Maldade, sexo e violência têm sido apontados como os verdadeiros vilões de Babilônia. Ajustes estão sendo feitos para amenizar o excesso de trampolinagem. Enquanto a nova novela das 21h aposta nos planos e maldade de suas vilãs, o clássico dos anos 1990 discutiu a questão do latifúndio no Brasil, tendo como pano de fundo o romance entre o pecuarista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) e a sem-terra Luana (Patrícia Pillar), ambos descendentes de duas famílias rivais de imigrantes italianos. O casal de protagonistas, que passou por diversas adversidades ao longo da trama, conquistou o público.
Aposta em um Brasil pouco conhecido
Ao contrário de Babilônia, que se passa no ambiente urbano do Rio de Janeiro, O Rei do Gado mostrou a realidade do Brasil rural e traçou forte paralelo com a realidade do país, principalmente na questão dos sem-terra. Uma das cenas mais marcantes da novela (e que, na época, deu o que falar) foi a em que o honesto senador Roberto Caxias (Carlos Vereza), fazia um discurso emocionado sobre os sem-terra para um plenário ocupado apenas por três colegas – um cochilando, outro lendo jornal e o terceiro falando ao celular.
Trilha sonora marcante
Piralampo e Saracura, ou vice-versa. Era assim que a dupla da ficção, formada por Sérgio Reis (Saracura) e Almir Sater (Pirilampo) se apresentava. O sucesso transcendeu as telas e a dupla serteneja fez sucesso na vida real, com sucessos como Cabecinha no Ombro e Boiadeiro Errante, gravando sete das 12 faixas de um dos CDs da novela. Fora essa, músicas como Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho, tema do Núcleo Sem Terra, e Coração Sertanejo, de Chitãozinho & Xororó, tema de Bruno Mezenga, fizeram muito sucesso.