Ao menos três homens foram mortos e outras três pessoas ficaram gravemente feridas na noite desta quarta-feira após troca de tiros entre grupos rivais na Costeira, no sul da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis. A Polícia Militar (PM) foi chamada para atender a ocorrência perto das 20h e seguiu no local durante toda a madrugada e ainda na manhã desta quinta-feira.
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De acordo com o coronel Marcelo Pontes, comandante do 4° Batalhão de Polícia Militar (BPM) da Capital, foram mortos no local Christopher Carlos da Rosa, conhecido como Fofão, Igor Mazonim Leite Soares, 20 anos, e Samuel Rosa da Silva, de 22 anos.
Outros três homens foram baleados e estão em estado grave em hospitais da região: Adalberto da Silva Junior, 23 anos, que tem mandado de prisão em aberto, Felipe Machado, também com pedido de prisão em vigor, e Maico Ramos, vulgo Jamaica. Adalberto e Felipe foram encaminhados para o Hospital Celso Ramos, na Capital. Já Maico está internado no Hospital Regional, em São José.
Inicialmente, a polícia trabalha com a versão de que um grupo de aproximadamente 15 homens, fortemente armados, ocupando três veículos (Astra branco, C3 preto e um Gol preto), invadiram o ponto de tráfico de drogas na Costeira dominado pelo traficante para executar elementos do tráfico ligados a facção de um dos principais traficantes catarinense, que está preso no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia.
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Após as vítimas serem baleadas, guarnições do 4º BPM iniciaram buscas no local sendo localizado e abordado um veículo Zafira prata blindada, placa KJE-5826, onde se encontravam Fernando Varela Zancheta, conhecido como Xadrez, e tido como disciplina estadual de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios no Estado, e Ricardo Colim Gonçalves, vulgo Gringo.
Segundo Pontes, acredita-se que ambos estavam participando na fuga dos criminosos que invadiram o morro, em razão de ligação recebida no momento da abordagem e pelas várias conversas de celular dos envolvidos. Também na Costeira foi localizado um Peuget preto, placas MER-9468, sendo encontrada uma pistola e drogas neste veículo. Outra arma (pistola 380) foi apreendida pela GR1 no local dos homicídios. Ainda nas buscas foi localizado o veiculo GM Astra, placas MGY-6712, cor branca, com registro de furto.
Após os fatos, ocorreu um salve de uma facção criminosa para que seus adeptos incendiassem veículos no Continente (Abraão e Chico Mendes) para tirar o foco da Costeira, em razão da solicitação dos criminosos envolvidos no homicídio estarem solicitando resgate, uma vez que estariam na mata. Foram recebidos áudios que confirmam esta solicitação e o salve
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Informações preliminares indicam que os alvos eram pontos de venda de drogas estabelecidos historicamente na comunidade. As três vítimas estariam dentro desses locais e por isso não tiveram tempo de reagir. A polícia também suspeita que outros traficantes conseguiram fugir antes do ataque e se esconderem dentro do mangue.
Nesta manhã, a polícia permanece ocupando a região. Um menor sujo de barro que possivelmente estava escondido no mangue foi abordado pelos agentes e conduzido para a delegacia. Ele negou envolvimento nos crimes. Buscas são feitas em outros locais da cidade.
Conforme o delegado Ênio Mattos, titular da Delegacia de Homicídios da Capital, com as três mortes confirmadas na ocorrência desta quarta-feira, já são 57 homicídios neste ano na cidade.
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A região da Costeira é palco de conflitos constantes envolvendo traficantes da região. Antigo líder do tráfico na região, Sérgio de Souza, o Neném da Costeira, tem condenações que ultrapassam 40 anos. Hoje ele cumpre pena no presídio federal de Porto Velho (RO).
O irmão dele, Danilo de Souza, foi preso na semana passada acusado de mandar matar Vilmar de Souza Júnior, executado a tiros na frente do Mercado Público da Capital em 3 de março. O outro irmão de Neném, Valdecir de Souza, foi morto no ano passado.
Crimes tentam despistar polícia
A noite foi violência na região de Florianópolis. Além da ocorrência na Costeira, em menos de 4 horas a PM atendeu outras ocorrências envolvendo incêndio em veículos. Por volta das 22h, na Via Expressa, em São José, cerca de seis homens assaltaram dois caminhões e puseram fogo em um dos veículos. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar as chamas. Apesar do susto, ninguém se feriu.
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Uma hora depois, um carro foi incendiado no bairro Abraão, região continental de Florianópolis. De acordo com o tenente coronel Marcelo Pontes, a ocorrência pode ter relação com a chacina na Costeira. Confira a entrevista com o PM:
A ocorrência de ontem no Abraão pode ter relação com o que aconteceu no bairro da Costeira?
Possivelmente sim. Eles podem ter feito isso para despistar os policiais.
Ontem, os policiais também foram checar a informação de um suposto homicídio na Tapera, certo? Foi confirmada?
Os policias não acharam nada. Pode ter sido para despistar os policiais também.
Desde ontem a Polícia Militar acompanha a situação na comunidade da Costeira. Como está o local?
Estamos ocupando a Costeira durante toda a madrugada. Tivemos a informação que após o fato de ontem, muitos deles não conseguiram sair aqui do morro e por isso estamos em operação para tentar conseguir capturar os elementos que estão aqui na mata.
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O tiroteio na Costeira ontem à noite pode ter relação com a prisão do irmão do Neném da Costeira?
Isso é uma possibilidade bastante forte, mas terá que ser investigado pela polícia. A informação que chegou é que teria havido uma a invasão de uma facção criminosa, mas depois soubemos que havia sido marcado um ponto de encontro [para o tráfico] e houve uma desavença. Cabe agora a investigação levantar o que aconteceu ontem.
De que forma a inteligência da PM monitora as regiões e o tráfico na região?
A gente acompanha a criminalidade como um todo nas áreas do Batalhão. São vários pontos de área de risco e a gente está acompanhando permanentemente.
*Colaborou Caroline Borges
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