Os pets ganham a cada dia um espaço maior nas famílias. Segundo levantamento do IBGE de 2013, os cães têm espaço garantido em 58,6% dos lares e os gatos em 19%. Embora recebam cada vez mais atenção e tenham se tornado parte de um mercado que movimenta anualmente R$ 16 bilhões com alimentos, produtos e serviços, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, muitos animais ainda vivem em condições precárias.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde, há uma estimativa de que cerca de 30 milhões de animais estão abandonados no Brasil. São 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Um cenário que neste Dia Nacional dos Animais exige uma reflexão sobre como os municípios estão lidando com a causa. Conforme levantamento feito Santa, apenas três de sete cidades do Vale do Itajaí contam com estruturas voltadas para o bem-estar animal.

O índice de animais nas ruas é alarmante e coloca em risco a saúde humana, com os episódios de mordeduras, parasitoses, bicho geográfico e de pé, problemas comuns em comunidades onde há um grande número de cães e gatos sem donos. A segurança viária também é colocada risco, com os acidentes gerados por bichos soltos nas vias. O bem-estar e a dignidade dos animais é posto em xeque.

É o que aponta o médico veterinário Fernando Zacchi, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina. Para ele, esse contexto gera um forte impacto financeiro aos cofres públicos e à população, por isso exige maior atenção por parte dos gestores.

Conscientização para guarda responsável

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– A falta de educação para posse responsável, a ausência de legislação específica para regulamentar o comércio e a ausência de um órgão específico que trate de todas as questões relacionadas aos animais são fatores que dificultam a solução do problema – afirma Zacchi.

A protetora Evelin Huscher, voluntária na entidade de proteção animal mais antiga de Blumenau, a Aprablu, diz que muito se avançou nesta área, principalmente com as castrações. Ela defende ainda que o foco do trabalho deve ser agora a conscientização sobre a guarda responsável:

– O abandono e a superpopulação de animais de rua estão aumentando. Temos muita gente trabalhando para combater, mas precisamos conscientizar os proprietários e responsabilizá-los pelos casos de negligência.

Evelin aponta que cerca de 250 a 300 animais são acolhidos por mês e abrigados em casas de voluntárias somente na Aprablu. O pensamento da protetora é compartilhado por profissionais do setor. O veterinário Fernando Zacchi, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado, diz que a castração é um dos pilares para o manejo populacional de cães e gatos, assim como ações na área de educação, legislação e adoção de animais.

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– O correto seria trabalharmos estes pontos para que cada vez menos fossem necessárias as cirurgias. Quando a principal ação de um programa de bem-estar animal é, continuadamente, a castração, temos a impressão de que alguma coisa está falhando – reforça Zacchi.

O diretor de Bem-Estar Animal de Blumenau, Luis Carlos Kriewall, sustenta que o trabalho deve ser pautado em quatro pilares: conscientização da comunidade sobre a responsabilidade enquanto proprietários de animais; a castração dos bichos para evitar proliferação indesejada; a fiscalização do comércio com a aplicação de normas que permitam tornar obrigatórias a vacinação, esterilização e microchipagem; e o monitoramento do retorno do animal ao proprietário em caso de fuga e até mesmo punir dono em casos de abandono e maus-tratos.

– A partir do momento em que a gente conseguir reduzir gastos com castrações e compensar em ações de educação e saúde, teremos um grande ganho para a comunidade – avalia o Kriewall.

* Colaborou Adriano Lins

Estrutura no Vale

O Santa fez um levantamento com sete cidades do Vale do Itajaí sobre a estrutura em cada município. Confira a seguir:

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Blumenau

O município conta com o Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread). Inaugurada em setembro de 2014, a estrutura dispõe de cinco veterinários e atua também em casos de maus-tratos a animais de rua.

Brusque

O município tem um convênio firmado com a Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra), que tem aproximadamente 10 voluntários e atende, em média, 50 animais por mês.

Gaspar

O veterinário da Secretaria de Agricultura de Gaspar, Mauricio Pamplona, aponta que o trabalho de bem-estar animal atualmente compreende o apoio a três abrigos voluntários que acolhem cães e gatos com o fornecimento de ração.

Indaial

Indaial contra com o Centro Público de Castração Animal desde outubro do ano passado. O espaço é destinado a ações como mutirão de castração e chipamento e funciona de forma multiuso.

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Itajaí

Com o orçamento anual de R$ 600 mil, Itajaí dispõe de uma Unidade de Acolhimento Provisório de Animais (Uapa). O espaço existe há mais de 10 anos e conta atualmente com cerca de 300 cães e gatos abrigados e disponíveis para adoção.

Pomerode

A cidade não conta com um espaço para animais em situação de risco ou abandono.

Rio do Sul

A cidade conta com um convênio firmado pela administração municipal junto à Associação Protetora de Animais Desamparados (Apad), que tem aproximadamente 10 voluntários e atende mais de 60 animais por mês. Por meio da parceria, a prefeitura destina mensalmente R$ 7 mil à entidade. O valor é utilizado para custear atendimentos médicos, castrações e aquisição de ração.