VLT, o mico do Mundial
Cinco cidades sonharam com veículos leves sobre trilhos (VLTs), ou monotrilhos, para a Copa. Virou pesadelo em três delas, que não verão os projetos saírem do papel, e pode seguir na imaginação outras duas. Por suspeitas de irregularidades em licitação, questionamentos do Ministério Público, determinação judicial ou problemas com desapropriações, as obras de Brasília e Manaus foram adiadas pelos governos locais. O projeto de São Paulo deixou de ser previsto para o torneio após a mudança do estádio do Morumbi para o Itaquerão (a linha ligaria o aeroporto de Congonhas ao estádio). Transferida para o PAC, a obra da capital federal está em fase de projeto. O governo do Amazonas ainda tenta garantir recursos junto ao governo federal.
Continua depois da publicidade
Os dois projetos que restaram, em Cuiabá e Fortaleza, enfrentam cronogramas apertados. Em Cuiabá, a obra está 38% concluída e, em Fortaleza, 40%. A promessa ainda é de que fiquem prontos a tempo.
INFOGRÁFICO: o legado da Copa para a mobilidade
As retiradas da lista
Continua depois da publicidade
Desde 2010, algumas das mais importantes obras de mobilidade previstas para o Mundial deixaram de ser consideradas para a Copa, devido, em boa parte, aos prazos apertados para conclusão. Entram nessa conta, por exemplo, empreendimentos como o corredor BRT de Salvador – ação trocada pela finalização do metrô, ainda longe de ser concluído – e a reestruturação de importantes avenidas em Natal e Curitiba. Na capital gaúcha, o BRT planejado para a Avenida Assis Brasil também foi retirado. Não por atraso, mas porque o metrô passará no mesmo trecho. O recurso foi para o projeto do BRT da Avenida João Pessoa. Restando pouco tempo para o evento, governos negociam a transferência do que não pode mais ser concluído a tempo para outra linha de financiamento, para os recursos não serem perdidos. Belo Horizonte já exclui da lista o projeto na Via 710, que fará a ligação de dois pontos distantes da cidade sem passagem pela região central.
NÚMERO: 8 projetos, pelo menos, foram retirados da lista de obras da Copa desde sua definição, em 2013
Manaus, uma cidade sem obras
Sem o monotrilho e o corredor BRT que circundariam a cidade, Manaus ficará sem grandes obras de mobilidade para o Mundial.
– Foram muitos questionamentos dos órgãos de controle. Houve problemas de projeto no BRT, o Ministério Público pediu detalhamento sobre a integração dos sistemas e quanto à condição de sustentabilidade econômica do monotrilho – alega o coordenador da Unidade Gestora da Projeto Copa no Estado, Miguel Capobiango Neto.
Continua depois da publicidade
Manaus, assim como praticamente todas as grandes cidades brasileiras, já é uma cidade estrangulada pelo excesso de veículos. Carlos Bonetti, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Amazonas, o problema é a falta de planejamento urbano a longo prazo:
– Se tivesse isso pronto, na gaveta, esperando a verba, o projeto era muito mais fácil de sair. Aqui é de trás para a frente: “vamos pegar o dinheiro e ver no que dá”.
NÚMERO: R$ 1,69
bilhão é a soma dos dois projetos (R$ 230 milhões do BRT e R$ 1,46 bilhão do monotrilho) retirados da matriz em Manaus
Leia mais:
A oito meses da Copa do Mundo, só quatro das 53 obras de mobilidade estão prontas no Brasil