Três cidades do Litoral Norte catarinense estão no ranking dos 20 municípios do Estado que registraram mais casos de abuso sexual e tentativas de abuso contra crianças, adolescentes e vulneráveis nos últimos quatro anos: Itajaí (9º), Camboriú (13º) e Navegantes (17º). Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina e apontam um aumento nos índices dos primeiros quatro meses do ano em relação ao total apresentado em 2013 (veja tabela).
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Somente neste ano Itajaí já contabiliza 35 casos de violência – número que representa mais da metade do total do ano passado, quando a cidade teve 60 casos; Camboriú registrou 23, ou seja, 65,7% do total do ano anterior (37); e Navegantes tem 18 casos, mais de 50% dos 35 casos de 2013. No Estado, os municípios em que o problema aparece com mais frequência são Joinville, Florianópolis e Blumenau.
A delegada titular da delegacia da Mulher em Itajaí, Flávia Rigoni Gonçalves, relata que tem percebido um aumento dos casos na cidade em um período de cerca de dois anos. Segundo ela, isso estaria ligado também ao crescimento econômico do município.
– Realmente piorou. Os casos mais frequentes são de violência doméstica, geralmente do padrasto, tio ou primo. Estupro praticado por terceiros é mais difícil. Mas as pessoas têm denunciado mais, têm mais consciência disso – explica.
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Para a delegada Daniela Souza, titular em Camboriú, as pessoas estão denunciando mais em função das medidas protetivas que existem hoje em dia para a mulher. Ela ressalta ainda que são vários os fatores que influenciam no crescimento dos casos de estupro, como a separação familiar e o uso da internet sem o devido policiamento dos pais.
– Em Camboriú envolve também a questão social, carência de políticas públicas e a pobreza, além dos adolescentes iniciarem a vida sexual muito precocemente, há uma liberalidade muito grande e os próprios pais não tiveram instrução sobre isso – informa.
Conforme Daniela, a maior parte dos crimes de estupro em Camboriú não tem violência real – esse tipo de caso representaria apenas 15%.
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– A grande maioria são aqueles que as adolescentes se envolvem de forma espontânea, mas que pra lei é uma violência. Precisaria de uma política educacional, com família e escola – afirma.