Os três candidatos com maior estrutura que disputaram as Eleições 2020 em Florianópolis contra o agora prefeito reeleito Gean Loureiro (DEM) vivem momentos diferentes da trajetória política. Professor Elson (PSOL) concorreu a prefeito pela terceira vez consecutiva e, embora não tenha conseguido chegar a um segundo turno, terminou com a segunda maior votação, com 18% do total.
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Pedrão (PL), vereador no segundo mandato, concorreu pela primeira vez à prefeitura com discurso voltado à inovação e renovação na política, terminando em terceiro lugar, com 14,2% dos votos. Já Angela Amin (PP) concorreu evocando a experiência de quem foi prefeita por dois mandatos consecutivos, entre 1997 e 2004. Ela chegou a ficar em segundo lugar nas pesquisas, mas terminou o primeiro turno apenas em quarto lugar, com 7,4%.
Em entrevista ao Diário Catarinense, os três agora ex-candidatos falaram sobre o futuro político após a derrota nas urnas na corrida pela prefeitura de Florianópolis e avaliaram o processo eleitoral que terminou na reeleição do prefeito Gean Loureiro para o segundo mandato. Os três avaliaram o resultado e citaram a ausência de debates, não realizados em função da pandemia do novo coronavírus. Confira:
Futuro político
Elson Pereira (PSOL)

Elson Pereira reassumiu já nos dias seguintes ao primeiro turno as atividades na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e os trabalhos de elaboração de planos diretores e vínculos com Universidade de Coimbra e Universidade de Grenoble. Sobre novas candidaturas, ele é cauteloso. Destaca os bons desempenhos nas eleições de 2018 e 2020, mesmo em período de ascensão do bolsonarismo. Diz também que continuará atuando politicamente dentro do partido, que registrou bons resultados nas urnas em 2020, mas que inicialmente descarta disputar novamente a prefeitura da Capital.
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– Não dá para adiantar agora qualquer previsão de candidaturas a deputado ou prefeito. Em princípio acredito que essa minha candidatura à prefeitura tenha sido a última. Foram três campanhas propositivas, a sociedade de Florianópolis está fazendo sua opção e eu tenho que respeitar essa opção. Então, talvez seja a hora de a gente repensar minha candidatura à prefeitura de Florianópolis.
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Pedrão (PL)

Sem mandato a partir de 2021, Pedrão afirma que irá focar em projetos pessoais como duas empresas das quais participa, trabalhos sociais e o Route Brasil, iniciativa de conservação dos oceanos em que é conselheiro. O lado político, segundo ele, ficará em espera nos próximos meses, até definir os novos rumos.
– Temos, sim, um eleitorado grande aqui na Grande Florianópolis, que poderia inclusive nos auxiliar a chegar a deputado estadual, mas nesse momento ainda estou curtindo, digamos assim, a derrota, estou nesse luto, é algo que a gente sente bastante por considerar que tínhamos excelentes propostas. Então, neste momento, estou ressignificando o projeto, porque a nossa intenção era somente o plano A, que era a vitória. Mas como ela não chegou, temos agora que trabalhar as outras linhas do projeto. Devo concluir meu mestrado também, que ficou em stand-by, terminar minha especialização em gestão de cidades, para chegar em 2024 com mais preparo, mais competência para um desafio que vai ser maior – afirma.
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Angela Amin (Progressistas)

Angela Amin tem mais dois anos de mandato como deputada federal e é nesse trabalho que ela pretende dedicar a atuação após as eleições municipais de Florianópolis. Ela ainda considera cedo para falar sobre uma possível tentativa de reeleição à Câmara Federal ou mesmo se ainda considera uma nova candidatura à prefeitura da Capital.
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– É o momento que tem que ser avaliado, tem que ser revisto. Eu quero participar até o último dia da minha vida fazendo o bem para a cidade que muito bem me recebeu, me deu oportunidade de ser prefeita duas vezes, com muita dedicação, muito empenho. Eu servi à cidade, apresentando no término de uma administração todos os indicadores de desenvolvimento social totalmente diferentes daqueles que eu recebi, uma cidade com melhor qualidade de vida. E é dessa forma que eu quero continuar a servir, independente da posição que eu me encontro – pontuou.
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Análise do resultado
Elson Pereira (PSOL)
Elson pondera que as eleições deste ano tiveram muitas “variáveis diferentes”, como a grande abstenção e a pandemia, que segundo ele atrapalhou a campanha da frente de esquerda, tradicionalmente mais habituada a promover atos de rua. Ele também se queixa da falta de debates e faz uma análise pessoal de que eleitores das outras candidaturas mais à direita do que a do PSOL teriam se alinhado em torno da candidatura do prefeito reeleito Gean Loureiro (DEM).
– Fomos vitoriosos no sentido que somos a segunda força hoje em Florianópolis. Isso é muito importante dizer porque a eleição sempre é relativa. Por mais que eu tenha sido bem votado em 2012, fiquei em quarto lugar. Em 2016, eu fiquei em terceiro lugar. Em 2020, eu fiquei em segundo lugar, só não indo pra o segundo turno porque as forças mais à direita acabaram se realinhando na reta final e fazendo aquilo que nós chamamos de voto útil em cima do Gean – avalia.
Pedrão (PL)
Pedrão também destaca as dificuldades causadas pela pandemia, como o distanciamento e a impossibilidade de reuniões, e também disse se sentir prejudicado pela ausência de debates. Também atribuiu em parte o resultado à alta abstenção, já que 102 mil eleitores (28,65% do total do eleitorado) não compareceram às urnas. O ex-candidato minimiza possíveis efeitos da mudança de partido e destaca que sua votação voltou a crescer em comparação com as últimas disputas. Foram 33,5 mil votos em 2020, três vezes mais do que a votação de 2016, quando se reelegeu vereador com 11,1 mil votos, recorde no Estado.
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– Nossa equipe tem uma análise de que essa metodologia de fazer política com transparência, honestidade, trabalhando em conjunto com a sociedade, dando voz e vez às pessoas nos dá a possibilidade de a cada eleição ampliar em três a quatro vezes o número de votos, fazendo uma campanha limpa, linda, sem comprar votos, sem fazer nada de errado. Então, colhemos bons frutos – pontua.
Angela Amin (Progressistas)
Angela evita tecer muitas avaliações dos resultados das eleições deste ano, em que terminou em quarto lugar. Prega “serenidade” e considera “muito complexo fazer uma análise de imediato”. Diz que pretende continuar fazendo política com “respeito ao ambiente público e ao funcionário público”, em aparentes recados a adversários da campanha. A deputada também critica a ausência de debates e diz que pedir voto em meio às medidas de distanciamento foi uma das grandes dificuldades da campanha, mas que “é o momento que o mundo vive e tem que ser respeitado”.
– Eu tenho que mais uma vez agradecer o resultado da última eleição de 2018, onde, àqueles que tanto questionam, a família foi eleita com voto popular. O que nos deu a oportunidade de servir ao nosso Estado, e servir bem. Entendo que o momento que o país vive, com relação à pandemia, exige de nós muito trabalho, muita dedicação para que possamos reverter esse quadro, que não é positivo para ninguém – afirma.
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