O plano federal de expansão de ferrovias, que permitirá a operação em uma velocidade maior que a atual, faz o governo admitir a retomada dos trens de passageiros no país.
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Para o ministro dos Transportes, Paulo Passos, a possibilidade existe em razão da modernidade das novas linhas, mas dependerá tanto da demanda quanto do interesse das empresas.
Representante das atuais concessionárias da malha brasileira, o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, vê boas chances de os trens voltarem ao cotidiano dos viajantes.
– Como a infraestrutura será nova, haverá espaço para os trens de passageiros. Isso será possível pela maior velocidade – avalia Vilaça, ressaltando que se refere à viabilidade dos 12 trechos anunciados pelo governo, e não o trem-bala entre Rio, São Paulo e Campinas.
A possibilidade de aproveitar os trechos de novas ferrovias não apenas para cargas já era avaliada pelo governo federal mesmo antes do pacote de R$ 91 bilhões anunciado na quarta-feira.
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O edital lançado em junho pela estatal Valec para os estudos de viabilidade econômica, técnica e ambiental do trecho da Norte-Sul que cortaria o Estado contemplava a análise da possibilidade de ocorrer transporte de passageiros. Segundo o Ministério dos Transportes, devido à impossibilidade de trafegar em uma velocidade maior por questões de segurança na malha atual, empresas teriam de concorrer com outros meios e o negócio não seria rentável.
Apesar do aceno do governo e da simpatia da ANTF à possibilidade, será muito difícil colocar a ideia em prática, avalia o especialista em transportes Luiz Afonso Senna, professor de engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para Senna, a densidade demográfica brasileira, diferente da Europa, onde as cidades são mais próximas, inviabilizará as iniciativas.
– Para distâncias muito grandes, é difícil bater o transporte aéreo a custos razoáveis.