Trem de Apiúna, no Médio Vale do Itajaí, volta a funcionar no domingo

Os dormentes de quase três quilômetros da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC) no Médio Vale do Itajaí acordarão neste domingo, Dia dos Pais. Despertarão de um sono de exatos dois anos sob o peso da locomotiva 232.

A máquina fabricada pela americana Baldwin em 1920 vai puxar dois vagões lotados com mais de 100 viajantes e transportá-las a outros tempos pelo menos uma vez por mês. A viagem é para 1929, época em que a força para arrancar na localidade da Subida, em Apiúna, vinha da velha lenha e da energia sibilante do vapor.

A partir de agora, oito vezes a cada segundo domingo do mês, o cheiro de fumaça e as fagulhas vão acender os sentidos _ e a memória _ de quem já viu a ferrovia em atividade. O intuito do Núcleo Regional do Vale do Itajaí (Nurvi) da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) com os passeios na antiga composição é fazer dela um museu dinâmico.

_ Não há nenhum museu contando a história da ferrovia. Queremos relembrar os tempos em que se andava de trem. Eram outros tempos, uma viagem feita a 15km/h levava cerca de quatro horas de Rio do Sul a Blumenau _ justifica Luiz Carlos Henkel, memorialista da EFSC e secretário/tesoureiro do Nurvi/ABPF.

Por esta característica de preservação da memória em movimento, o aposentado que reúne material para um livro com as histórias da estrada de ferro, acredita que Trem Histórico-Cultural é a classificação mais acertada para a locomotiva de Apiúna. Além do cheiro de fumaça e fagulhas que pulam do chaminé da máquina para pinicar a pele, os passageiros têm muita coisa para olhar durante a breve volta ao passado.

O coordenador do Nurvi/ABPF, Otávio Georg Júnior, encanta-se com o trajeto que tem túnel de 70 metros, ponte em arcos românicos feita com o granito rosa símbolo da região e a passagem pelos domínios da Usina Salto Pilão Envolvendo o que foi construído pelo homem, há as belezas naturais do caminho, com pequenos ribeirões, a vista das quedas do Rio Itajaí Açu e a passagem dentro de um túnel da Mata Atlântica preservada.

_ É uma paixão que não tem muito como explicar. Ali, sob o teu comando, levar as pessoas para o passado e ver as reações de cada uma _ tenta contar o que sente o coordenador do Nurvi, que também é maquinista da locomotiva 232.

Serviço

Passeio de trem – Todo segundo domingo do mês a partir de 11 de agosto. O passeio custa R$ 20. As passagens podem ser adquiridas antecipadamente pelo telefone (47) 3644 5077 ou pelo email efsc@abpfsc.com.br. No local, as passagens são vendidas no Restaurante Villa Franzói. O passeio dura cerca de 50 minutos e a primeira saída é às 10h.