As torcidas de Joinville e Figueirense estão há muito tempo sem comemorar um título catarinense. O JEC vive o mais longo dos jejuns. Desde o bicampeonato de 2001, o Coelho não consegue levantar uma taça do Estadual. Já o Furacão não ergue a taça desde 2008.
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Além disso, há outra coisa em comum entre os clubes: os últimos títulos foram conquistados justamente sobre o mesmo rival, o Criciúma. O DC entrevistou os dois treinadores que levaram JEC e Figueira aos últimos sucessos em SC, Artur Neto, pelo Coelho, e Alexandre Gallo, pelo Furacão, lembram detalhes das campanhas vitoriosas e revelam carinho pelos clubes

Artur Neto Técnico do JEC nos títulos de 2000 e 2001
“Quando cheguei encontrei um time mal na tabela”
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Diário Catarinense – O JEC chegou forte à decisão, inclusive com uma série invicta de jogos. No que isso foi importante para o título?
Artur Neto – Quando eu cheguei naquele ano, encontrei um time mal na tabela, mas tínhamos o segundo turno para nos recuperarmos. Conseguimos resultados positivos e chegamos fortes à decisão. Tivemos resultados expressivos e a nossa equipe fazia muitos gols. No final a gente tinha três artilheiros com mais de 10 gols (Perdigão com 12, Adão e Selmir com 11).
DC – Você também comandou o time no título de 2000. Como foi segurar a pressão para ganhar o Catarinense, já que fazia 13 anos que o JEC não conquistava nada?
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Artur Neto – O fato de ter bastante tempo sem título gera ansiedade ao torcedor. Se você ver a história do Joinville, ele nasceu em 1976 e até 1987 ganhou 10 títulos, então 13 anos sem nada foi muito complicado. Ele nasceu um clube vencedor. Você imagina a pressão que havia. Até por isso acho que os títulos de 2000 e 2001 foram diferentes. O primeiro foi mais difícil por causa desse jejum.
DC – Você destacaria alguém do título de 2001?
Artur Neto – Como treinador não posso destacar apenas um atleta. Para um treinador que é campeão o que vale é o conjunto. O torcedor tem preferências e escolhe um atleta que decide, o mais habilidoso. O craque do campeonato foi o Perdigão, com toda justiça. Escolher apenas um jogador seria injusto pelo que todo o time jogou.

“Não queria sair. Me emocionei com os atletas”
Diário Catarinense – Em 2008, o Figueirense tinha atletas da base no time titular. É o mesmo caso de hoje. Você acredita que em uma decisão isso pode atrapalhar, pois eles podem sentir mais a pressão?
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Alexandre Gallo – Todos os clubes que tiveram sucesso têm essa mescla entre atletas jovens e experientes. É difícil falar do momento porque quem sabe das coisas é quem vive o dia a dia. Mas os atletas com quem trabalhei foram importantes e nos ajudaram muito naquela competição.
DC – Como foi enfrentar a pressão no Estádio Heriberto Hülse?
Gallo – Sabíamos da pressão, mas o regulamento nos dava uma condição boa de poder perder no tempo normal. Então, guardei duas substituições para o segundo tempo porque o campo estava pesado. Na prorrogação, as entradas do Marquinho e do Bruno Santos (autor do gol do título) fizeram toda a diferença.
DC – No que esse título foi especial para a sua carreira?
Gallo – Ele traz uma linha a mais no currículo. Tenho um carinho muito grande pelo Figueirense, pelo Paulo Prisco Paraíso (presidente na época), pelo Anderson Barros (gerente de futebol), que foi fundamental para mim. Tudo isso marca.
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DC – Um jogador me contou que você se emocionou antes de ir embora do clube. É verdade?
Gallo – Fui dispensado, não queria sair. Essa foi a única vez que me emocionei com os atletas. A família do Prisco foi a grande responsável por aquele título e por bons anos do clube. Fiquei horando por trabalhar com eles. Havia uma grande organização. Mas houve um desencontro de ideias. O Atlético-MG tentava pela terceira vez a minha contratação e eles disseram que tinha que ir. Eu queria algumas contratações e eles me diziam que o grupo seria o mesmo do Estadual. Eu tinha certeza de que com mais quatro contratações a gente poderia ter feito uma grande temporada, por isso o meu chão caiu quando me disseram para aceitar a proposta.