Os frequentes acidentes no Km 111 da BR-470 têm chamado a atenção das autoridades em Ibirama. De um ano para o outro, o número triplicou. A Polícia Rodoviária Federal foi convidada a apresentar um levantamento na Câmara de Vereadores sobre o que levou ao aumento expressivo e o que pode ser feito para reduzir as ocorrências.
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De acordo com o agente da PRF Manoel Fernandes, que trabalha há 28 anos no Alto Vale do Itajaí, a explicação é simples: o trecho foi recuperado, os veículos passaram a trafegar mais rápido e por consequência estão acontecendo mais acidentes. Foram três em 2018, três em 2019, passou para sete em 2020 e saltou para 24 no ano passado.
Somente nos três primeiros meses de 2022 já são sete, com 10 pessoas feridas.
— Quando a rodovia está ruim, esburacada, o asfalto mais poroso, diminiu a quantidade de acidentes ali. Em 2018, 2019, a curva estava nessas condições e você vê menos ocorrências. Foi só recuperar, em 2020, que voltou a acontecer mais acidentes. Então o problema ali é o quê? É velocidade — pontua Fernandes.
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O trecho leva o apelido de Curva da Morte, o que é contestado por Fernandes com base nos números.
Nos últimos quatro anos, três pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito no Km 111. No mesmo período foram nove vítimas fatais na Serra da Garapeira, localizada a cerca de 10 quilômetros de distância.
— O problema ali, que acaba sendo visível à comunidade, é que dá muito tombamento de caminhão e isso impacta no dia a dia das pessoas, porque dá saque de carga, tem que vir guindaste se tem container, tranca a rodovia… — explica.

Apesar de não ser o ponto com maior ocorrência de acidentes fatais, a quantidade de casos levou a PRF a fazer uma perícia na região. O estudo mostra nove apectos que precisam de intervenção para reduzir os indicadores negativos.
O documento foi entregue ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que disse já estar trabalhando em algumas ações. Segundo o órgão, logo será feita a instalação do reforço da sinalização e a instalação de barreiras de proteção no lado externo da curva, para impedir a saída de pista e choque com árvores e pedras.
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Confira abaixo as recomendações do laudo da PRF
- Redução da velocidade: embora a velocidade limite de 60 km/h seja satisfatória para veículos leves, em razão do traçado em curva, com proibição de ultrapassagens, e pista simples, recomenda-se que a velocidade de 50 km/h seja limite para todos os tipos de automóveis;
- Implementação de sinalização horizontal adicional: com colocação de linhas de estímulo à redução de velocidade;
- Inserção de sinalização vertical suplementar: com colocação de placas marcadoras de alinhamento e placas de contagem regressiva;
- Instalação de radares fixos no Km 111,2, em ambos os sentidos: com a inclusão de placas de sinalização obrigatórias para implementação do dispositivo;
- Nivelamento do acostamento do sentido decrescente entre o Km 111,3 e a Km 111,1: para evitar que veículos que adentrem ao acostamento sofram inclinação lateral com potencial de impactar no controle da direção veicular, a qual é ocasionada pelo desnível entre faixa de circulação e acostamento;
- Necessidade de alargamento da curva para se adequar às normas técnicas de construção viária: sugeriu-se uma superlargura de um metro, com 50 centímetros a mais para cada faixa de circulação;
- Alargamento dos acostamentos de ambos os sentidos: para, como medida final, computarem 2,5 metros de largura;
- Taxa de superelevação de uma curva com raio de 70 metros deveria ser de 12%: atualmente, a superelevação da curva entre o Km 111,1 e o 111,3 encontra-se com uma taxa de superelevação de 6,11% (taxa calculada pela tangente do ângulo de inclinação no local, aferido em 3,5º pelo escaneamento computadorizado);
- Utilização de pavimento com maior coeficiente de atrito: material de maior rugosidade no trecho da citada curva.
Assista ao documentário “O dois lados da BR-470”
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