O trecho da BR-101 em Santa Catarina é o que tem maior frequência de acidentes e feridos do país. Em 2021, 4.094 acidentes foram registrados na via, e o total de pessoas feridas foi de 4.310. Os dados foram divulgados no anuário da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
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A BR-470, no Estado, também está no ranking das rodovias que mais tiveram acidentes durante o ano passado, ao todo foram 1.207 registros.
Apesar de liderar em acidentes e feridos, o trecho catarinense da BR-101 aparece em sexto em relação ao número de mortos: ao todo foram 129 vítimas fatais. Na lista de mortes, a BR-101 está atrás da BR 116/SP, BR 381/MG, BR 101/BA, BR 40/MG e BR 277/PR.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, os piores trechos da rodovia são os da Grande Florianópolis – que atravessa São José e Palhoça – além de Balneário Camboriú, Itajaí, Navegantes e Joinville. A avaliação do órgão é que o processo de urbanização da rodovia tenha infulência na frequência de acidentes.
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Ranking: BR-101 é a rodovia de SC com mais mortes em 2021
— A BR-101 é a principal rodovia do Estado: atravessa a região da Capital, uma das principais regiões turísticas do Sul, que é Balneário Camboriú, passa nos principais portos e atravessa a cidade mais populosa de Santa Catarina, que é Joinville. O problema dela é ter muitas áreas extremamenre urbanizadas e, nessas areas, a 101 deixou de ser rodovia e se tornou avenida — explica Adriano Fiamoncini, chefe de Comunicação Social da PRF.
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O policial rodoviário afirma que pelo fato de a rodovia estar ao lado de grandes cidades, as pessoas que circulam pelos trechos não são viajantes, mas moradores da região, e que os locais já chegou ao limite de fluxo de veículos.
— As rodovias foram feitas para viajantes que percorrem longas distâncias, mas hoje a maioria dos acidentes acontece com pessoas que fazem pequenos deslocamentos e com moradores da região. Há muitas colisões traseiras, acidentes com motociclistas e atropelamento de pedestres — diz.
Para o doutor em engenharia de transporte e presidente do Instituto de Certificação e Estudos de Trânsito (Icetran), José Lélis, a urbanização da rodovia deve ser considerada, mas é preciso observar também as informações disponibilizadas tanto para os motoristas, quanto para os pedestres que trafegam pela regiões mais críticas.
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— Em casos como esse, a urbanização da rodovia é uma tendência natural, considerando o crescimento das cidades. É preciso pensar em como vencer essas dificuldades com campanhas de educação permanente para os motoristas e pedestres que passam nesses locais, além de reforço de fiscalização e investimentos em infraestrutura — ressalta Lélis.
Veja as rodovias com maiores frequências de acidentes:
- BR-101/SC – 4.094
- BR-116/SP – 3.099
- BR-381/MG – 2.388
- BR-277/PR – 1.929
- BR-40/MG – 1.752
- BR-101/ES – 1.746
- BR-101/RJ – 1.658
- BR-376/PR – 1.654
- BR-116/RJ – 1.414
- BR-470/SC – 1.207
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Rodovia saturada e falta de alternativas
Com fluxo médio de 100 mil a 120 mil veículos que trafegam pela BR-101 todos os dias — podendo chegar a 150 mil durante a temporada de verão — a rodovia já não tem dado conta da alta demanda, segundo a PRF.
— A BR-101 é uma rodovia extremamente saturada, sobrecarregada, ela não dá mais conta do imenso fluxo de carros, carretas e caminhões que passam por ela todos os dias. O volume de veículos é muito superior ao que ela suporta e isso reflete no grande número de acidentes. Ao mesmo tempo, não há caminhos alternativos ou trechos que possam amenizar a quantidade de pessoas que trafegam pela 101 — afirma Adriano Fiamoncini.
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Com 10 anos de atraso, como está a obra que busca desafogar trânsito na Grande Florianópolis
Na Grande Florianópolis, a obra do Contorno Viário — que deveria ser entregue em 2012 — é uma das maiores esperanças para aliviar o trânsito na região. Com o atraso dos trabalhos e troca de empresas que executam a obra, o novo prazo de entrega da construção é dezembro de 2023, como informou o colunista Anderson Silva.
— O mais eficaz seria investir em infraestrutura, com a liberação do trecho do anel viáro que está em obras. Mas, se nós não podemos contar com engenharia nos aspectos construtivos, neste momento nos cabe fazer um trabalho maior de educação e de intensa fiscalizaçao — pontua Lélis.
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