Continua a novela sobre a construção do trapiche do bairro João Paulo, em Florianópolis, pedido pela Associação de Pescadores do bairro há quase 20 anos. Apesar do dinheiro já ter sido liberado, cerca de R$ 3,8 milhões, o início das obras, previsto ainda para o primeiro semestre de 2016, pode esbarrar em impasses ambientais. Ajustes que precisam ser feitos no local, de acordo com o parecer dado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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Entre as condicionantes propostas estão a recuperação da orla, que envolve a regularização fundiária e desmanche de muros à beira-mar e implantação de um entreposto pesqueiro para que se tenha uma manipulação correta do pescado. Além disso, a própria associação precisa de uma sede e a praia precisa de um pequeno estaleiro.

O presidente da Associação, Silvaní Ferreira, afirma que os pescadores não têm condições de atender a todos os pedidos que foram feitos pelo ICMBio e isso pode prejudicar a pesca artesanal.

– Se não derem condições pra gente trabalhar, a pesca artesanal vai desaparecer, porque já tem pouca gente querendo fazer esse tipo de trabalho, nessas condições fica ainda mais complicado. Nós só queríamos um trapiche simples de madeira mesmo, não precisava de muita coisa – lamentou Silvaní.

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Ele diz ainda que o trapiche facilitaria o transporte do peixe e a vida dos pescadores artesanais.

– Nossa praia está puro esgoto. Quando chegamos da pesca temos que arrastar caixas com, às vezes, uma tonelada de pescado, correndo o risco que essa água respingue nos peixes – desabafou.

O advogado da associação, Ernesto São Thiago, explicou que a realização de parte das ações é de responsabilidade da Prefeitura, mas que isto ainda não está bem definido.

O que diz a Prefeitura

O secretário de Obras Rafael Hahne irá, na próxima semana, se reunir com a Fatma para discutir as ressalvas que foram feitas pelo ICMBio no projeto. Parte delas já estava prevista, mas ele garante que não há nada que possa prejudicar o andamento das obras.

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O trapiche

Referências de trapiches do mundo todo foram usadas para consolidar o conceito. Esta é a primeira vez, em pelo menos 20 anos de reivindicação pela estrutura, que há um projeto executivo para a construção de um trapiche na baía, e que terá 250 metros de comprimento, em forma de T, protegido de ressacas cíclicas, um sistema de “fence” atenuando as ondas sem impactar o leito do mar, pontões flutuantes para os barcos de pesca e lado direito para expansão de vagas e barcos de passagem.