A manhã de terça-feira foi marcada por protesto dos funcionários do transporte coletivo urbano de Blumenau. Eles pararam parcialmente das 10h às 10h30min no Terminal da Fonte, no Garcia, como já havia ocorrido em dezembro do ano passado. Há nova previsão de parada temporária às 15h no Terminal do Aterro, no Salto do Norte.
Continua depois da publicidade
Além de marcar a retomada das negociações da Convenção Coletiva interrompidas em 2017, segundo o Sindicato dos Empregados das Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo Urbano de Blumenau (Sindetranscol), os protestos chamam a atenção para os dois anos do rompimento do contrato com o Consórcio Siga – que deu início ao período de serviço emergencial, em 23 de janeiro de 2016, e culminou na licitação que concedeu a operação a Blumob.
— Queremos que os direitos trabalhistas sejam pagos. Os funcionários da Verde Vale e da Rodovel receberam o pagamento parcial dos valores, mas os empregados da empresa Nossa Senhora da Glória – que representavam 67% do consórcio – não ganharam nada — comenta o presidente do Sindetranscol, Pradelino Moreira da Silva.
Quem esteve no Terminal da Fonte às 10h também relembrou os dias em que ficou sem transporte coletivo, durante as paralisações de anos anteriores. O aposentado Alcides de Luca, 76 anos, conta que nem sairia de casa – na Rua Pastor Osvaldo Hesse, no Ribeirão Fresco – se soubesse do protesto, mas quando percebeu já estava aguardando o ônibus que não saiu sentido ao bairro Escola Agrícola.
— Cheguei aqui por volta das 9h30min e não sabia da paralisação, caso contrário teria evitado o horário. Agora preciso voltar para casa antes do meio-dia e espero que eu chegue em tempo. Qualquer coisa, pego um táxi — comentou sentado em uma dos bancos do terminal durante a manhã.
Continua depois da publicidade
As vizinhas, Maria Aparecida de Sena, 56 anos, e Velci Lima, 86 anos, chegaram a entrar no ônibus que as levaria para a Rua Araranguá, mas tiveram que descer após o anúncio da paralisação temporária. Maria havia saído de casa e participado de um culto e Velci voltava para casa com compras pronta para fazer o almoço, mas as duas desistiram e resolveram ir a pé mesmo.
— Eu nunca peguei uma paralisação do transporte, mas sei que não é a primeira vez que acontece. O jeito é voltar para casa andando mesmo. Vamos? — indagou Maria para a vizinha que já estava com as sacolas .
Salários atrasados e afastamentos médicos
O funcionário do transporte coletivo urbano de Blumenau e sindicalista, Ari Germer, ressalta que durante 18 anos trabalhou na empresa Glória e não esquece do dia 23 de janeiro de 2016 – um dia após o aniversário dele – por conta de tudo que aconteceu.
— Há dois anos eu não tive fim de ano, eu não tive aniversário e espero até agora o pagamento dos salários atrasados, das férias e da rescisão. Eu consegui emprego na nova empresa, mas muitos colegas ficaram doentes e com dívidas acumuladas — comenta.
Continua depois da publicidade
Na manhã desta terça-feira, a cidade amanheceu em clima de protesto. Uma faixa (foto abaixo) foi colocada pelo sindicato na Ponte de Ferro, no Centro, com a mensagem “Parabéns, prefeito! Estamos há dois anos sem receber os direitos trabalhistas.“
Segundo o Sindetranscol, outra paralisação acontece à tarde no Terminal do Aterro, no Salto do Norte, às 15h. Durante o protesto, os veículos que fazem as linhas de troncais – de terminal para terminal – continuam rodando. Apenas as linhas alimentadoras daquele terminal que está parado que não atende a população.
O presidente do sindicato não descarta novas paralisações durante este semana. Ele afirma que enquanto não houver um conversa sobre a convenção coletiva, as manifestações continuam em Blumenau.
Em comunicado oficial, a BluMob, esclarece que já repôs as perdas inflacionárias dos trabalhadores e vem cumprindo com regularidade todas as obrigações cabíveis como salários, benefícios e todos os direitos trabalhistas.
Continua depois da publicidade
— A empresa já tomou as providências cabíveis junto à Justiça do Trabalho, a qual já disciplinou os movimentos grevistas perpetrados pelo sindicato, sob pena de severas multas ao mesmo, bem como, julgará, estabelecendo novo Instrumento Coletivo. Nos últimos meses, diversas reuniões foram realizadas entre as partes, quatro delas mediadas no Tribunal Regional do Trabalho, sem resultar em acordo. Assim, como temos exposto, cabe neste momento à Justiça do Trabalho a definição do novo instrumento coletivo. A BluMob já apresentou judicialmente suas razões e o sindicato da categoria deve fazer o mesmo no processo — afirmou a empresa no texto divulgado.
Confira o que pede o Sindetranscol:
– Proibição de terceirização de qualquer atividade no transporte;
– Garantia da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT);
– A prevalência da CCT sobre qualquer acordo individual ou coletivo;
– Não validação de rescisão contratual sem a prévia negociação com a entidade sindical;
– Reposição salarial de 1,83% referente à inflação e o aumento real de 3%;
– Reajuste de vale-alimentação de R$ 700 para R$ 820;
Leia também
:: Trabalhadores do transporte coletivo de Blumenau paralisam atividades
:: Prefeito de Blumenau anuncia rompimento com o Consórcio Siga e cidade fica sem ônibus