Representantes da Secretaria de Planejamento de Blumenau dedicaram a manhã desta sábado para debater a situação do transporte coletivo e ouvir sugestões sobre novas alternativas. A audiência pública faz parte de uma série de debates que estão sendo realizados para descobrir junto a comunidade quais são as principais necessidades que devem ser incluídas no Plano de Mobilidade.
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O encontro realizado neste sábado foi o último dos quatro promovidos para discutir a região da Itoupava Central. Além de debater a situação atual do transporte coletivo, o secretário Juliano Gonçalves e outros representantes de administração também ouviram sugestões de projetos inovadores para os gargalos do transporte da população. O evento ocorreu no campus 2 da Furb, na Rua São Paulo, e teve a presença de 20 pessoas.
A abertura foi feita por Gonçalves, que falou da importância do Plano de Mobilidade e da discussão sobre o presente e o futuro do trânsito de Blumenau. Na sequência ele passou a palavra ao diretor de Transportes do Seterb, Lairto Leite, que apresentou um diagnóstico do atual sistema de transporte coletivo municipal.
Segundo ele, ainda há uma grande distância entre o desejo do usuário do transporte coletivo e as soluções para que a vontade dos passageiros se torne possível. Uma das questões mais complexas é a gratuidade oferecida a determinadas categorias:
– Temos muitas gratuidades em Blumenau, entre outras coisas que encarecem o serviço. Quem paga a gratuidade é o usuário comum, sempre alguém está pagando. Outro exemplo, só a retirada do cobrador daria uma diferença de 50 centavos na passagem, mas é uma questão polêmica que precisa ser discutida.
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Leite também apresentou alguns dados sobre o Sistema Integrado de Blumenau (SIB). Atualmente 258 ônibus circulam por 280 ruas. São 4.278 viagens que percorrem 54 mil quilômetros e transportam 110 mil passageiros por dia.
Sugestões para o futuro
O músico Horácio Júnior aproveitou a oportunidade para apresentar uma sugestão de novo modal de transporte para Blumenau. Na sua opinião, Blumenau comporta pelo menos duas linhas de Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT.
Ele propôs a criação de um trajeto circular ao redor da região central, ligando a região do Terminal da Fonte a Itoupava Seca, e de outra linha com objetivo turístico, que atravessaria a Rua XV de Novembro. Para isso, ele também sugeriu o fechamento da principal rua do Centro para os carros:
– Precisamos de audácia. Blumenau tem que pensar grande, como uma metrópole. A cidade cresceu de forma orgânica, sem planejamento, e agora precisa se organizar. Se vamos investir em algo tem que pensar 20, 30, 40 anos na frente.
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A segunda sugestão foi apresentada pela arquiteta Heloisa Figueiredo Moura. Ela criou um Sistema de Transporte Urbano de Mobilidade Aérea, o Sitruma, que consiste em carros que circulam por calhas suspensas. A arquiteta também sugere um anel viário central e a distribuição das linhas pelas regiões da cidade, com ênfase para trajetos especiais, como uma linha que liga os três principais hospitais da cidade.
– Eu tenho uma lembrança muito forte da enchente de 1984 que é do meu avô, que morreu porque ele ficou doente e não tinha como ir pro hospital, acho que isso me levou a desenvolver esse projeto. Como as calhas por onde o transporte circula são altas, a enchente não vai afetar a mobilidade – explica, ressaltando que além dos fenômenos naturais, Blumenau precisa pensar em modelos novos de transporte porque a cidade não tem estrutura que comporte muitos modais diferentes no mesma via:
– A geomorfologia da cidade não permite isso. Nossas ruas são poucas e estreitas, não tem como colocar corredor de ônibus em todas as vias, por exemplo. Mas com esse sistema o ônibus pode coexistir, porque vai circular por baixo, e pode mudar, ser algo como o Bondindinho em Balneário Camboriú, por exemplo, que as pessoas pegam com calma, sem pressa, para passear. Quem tem pressa precisa de um transporte ainda mais eficiente.
O secretário Juliano Gonçalves encerrou a audiência ao meio-dia, agradecendo a participação de quem esteve no debate e lamentando a ausência da comunidade na discussão. Ele destacou a importância da participação popular durante a discussão dos temas, já que este é o momento onde as pessoas podem expor as dificuldades e dar sugestões:
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– As pessoas precisam entender que as diretrizes que vão nortear a cidade estão sendo construídas e é o momento de apresentarem suas proposições, reclamações, participarem do processo. E uma audiência tão importante, com tema de transporte coletivo, era necessário que a sociedade tivesse uma participação mais ativa, que as pessoas viessem.