O transporte clandestino do material reciclável separado pelos moradores tem sido o principal motivo para a queda nos números da coleta seletiva em Joinville, de acordo com análises da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama). O problema tem afetado o trabalho das cooperativas de reciclagem que são cadastradas no município e motivou a Prefeitura a criar um projeto de lei para tornar infração o recolhimento clandestino.
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Os números do município mostram que a coleta seletiva caiu de 9.546 toneladas para 9.344 toneladas, de 2017 para 2018. No mesmo período, houve um aumento da coleta convencional, de 129.346 toneladas para 133.664 toneladas de um ano para outro. Com o projeto de lei, que está em trâmite final para ser encaminhado à Câmara de Vereadores, o objetivo do município é impedir veículos motorizados de fazer o recolhimento dos resíduos de forma clandestina.
— A ideia é que se tenha uma infração para quem recolha clandestinamente. Não tem um valor definido porque tem que ver qual o risco ambiental dos resíduos que esse veículo esteja transportando, mas são valores bastante amplos — explica o diretor-executivo da Sama, Felipe Hardt.
A lei também obrigaria que o proprietário do veículo que estiver fazendo o recolhimento clandestino faça o descarregamento dos resíduos para que um caminhão da empresa Ambiental, responsável pela coleta na cidade, pegue os resíduos e dê a destinação correta às cooperativas credenciadas na Prefeitura.
Segundo Hardt, uma das preocupações do transporte clandestino é que não há conhecimento da Prefeitura da logística desses veículos e o que é feito com esse material recolhido. Por isso, fica difícil saber o risco ambiental existente dessa prática.
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— Em tese, como eles estão recolhendo todo o material, essa cadeia de logística pode colocar em risco o meio ambiente em todo o momento. Qualquer carga que caia pode poluir um corpo hídrico ou um bueiro, por exemplo — alerta Hardt.
Redução do trabalho nas cooperativas
Hoje, são seis cooperativas atuando na cidade para fazer a reciclagem dos materiais. Anderson Ramalho da Silva é o presidente de uma delas, a Recicla, e também representa o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis na região Norte de Santa Catarina. Ele entende que o projeto de lei também é interessante para dar um oportunidade dos catadores se formalizarem.
— Vem muitos caminhões de outras cidades pegar o material nobre da cidade e deixam apenas o resto para a gente. Essa iniciativa do município tende a formalizar os que já estão aqui e abrir espaço para outros catadores se formalizar. Não queremos excluir o catador, mas agregar valor ao trabalho — esclarece.
A Recicla recebia em média dez toneladas por dia de resíduos para reciclagem. No entanto, hoje os caminhões da Ambiental que recolhem os materiais nas ruas entregam cerca de três toneladas diariamente. Segundo Anderson, os caminhões clandestinos já sabem das rotas e horários da coleta seletiva na cidade e passam antes dos veículos da Ambiental para pegar os materiais.
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— Em dia que a coleta passa a partir das 14 horas, por exemplo, os caminhões clandestinos já passam de manhã pegando os materiais. O morador coloca para a coleta cedo porque não vai estar em casa durante a tarde, daí eles passam antes para levar tudo — explica.
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