Pouco mais de um ano após ter sido vendida em uma negociação de R$ 20 milhões, atolada em dívidas, a transportadora Dalçoquio, de Itajaí, ainda vive seu inferno astral. A descoberta de débitos milionários que não haviam sido especificados no contrato, segundo os compradores, aliada a uma disputa judicial entre sócios e até uma tentativa de desfazer o negócio, por parte do antigo dono, levaram a empresa a um imbróglio sem precedentes.
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Junte-se a isso o fato de o consumo do óleo diesel _ principal produto de transporte da Dalçoquio _ ter caído 20% nos últimos dois anos, e o estrago está feito. Para tentar recuperar a saúde financeira, a empresa contratou uma consultoria econômica e jurídica, há cerca de um mês. A ideia é negociar o pagamento das dívidas e sair do vermelho.
Oficialmente, a transportadora hoje não tem dono. É comandada pelo empresário Laércio Tomé, sócio majoritário, que foi indicado administrador pela Justiça depois de um desentendimento com outro comprador. A atual administração alega já ter pago R$ 5 milhões em dívidas fiscais anteriores ao negócio, e recentemente teve R$ 3 milhões bloqueados por um suposto débito com uma empresa de advocacia, que teve confissão de dívida assinada 5 dias antes da venda.
Esta semana os trabalhadores da filial em Canoas (RS) entraram em greve porque, segundo o sindicato da categoria, o Sindilíquido, a empresa não pagou rescisões e férias em julho _ o que é negado pela transportadora. Em resposta, a Dalçoquio demitiu 21 funcionários alegando que não havia uma pauta formalizada de reivindicações, e que por isso considerou a paralisação ilegal.
A atitude rendeu denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no Rio Grande do Sul, em que o sindicato afirma que a empresa está sofrendo “desmanche”.
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Sindicância
A Dalçoquio tem mais de mil empregados e é conhecida nacionalmente pelo transporte de combustíveis _ seu principal cliente é a BR Distribuidora, braço da Petrobras, que corresponde a 65% de sua movimentação. Desde fevereiro a empresa é alvo de uma sindicância dentro da própria BR por ter sido citação em delação de Nelson Cerveró na Operação Lava Jato. Isso impede a renegociação de contratos.