Um dos presos na segunda fase da operação Leite Compen$ado, o transportador Antenor Pedro Signor, aceitou a proposta de delação premiada ofertada pelo Ministério Público e confirmou nesta quinta-feira, em depoimento aos promotores Mauro Rockenbach e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, participação no esquema de adulteração do leite. Ele deu detalhes de como funcionava a fraude e afirmou que em apenas uma oportunidade a Confepar, união de cooperativas no Paraná que recebia o leite adulterado, rejeitou a carga transportada por ele. Em todas as demais, o produto com adição de água e ureia foi aceito pela indústria do estado vizinho.
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Em troca do acordo de delação premiada, o MPE vai recomendar a redução de metade da pena que venha a ser aplicada pela Justiça. Também será requisitada a imediata concessão de liberdade ao depoente.
– Resolvemos propor esse acordo pela qualidade da informação trazida ao conhecimento do MP. Nosso principal objetivo neste momento é estancar a atuação predatória e criminosa da Confepar no Rio Grande do Sul – salientou Rockenbach.
No depoimento, Antenor Pedro Signor disse que até dezembro de 2012 transportava leite para a indústria Latvida. Em decorrência de problemas com essa empresa, passou a negociar com uma concorrente. Nesse meio tempo, Daniel Riet Villanova, responsável pelo posto de resfriamento em Selbach e preso na primeira fase da operação, teria se apresentado ao transportador como técnico da Confepar, manifestando interesse em ficar com as suas rotas de produtores, inclusive propondo pagar mais do que a concorrência.
Após aceitar a proposta de Daniel Riet Villanova, Antenor Pedro Signor começou a transportar leite para o posto de resfriamento de Selbach em 20 de janeiro deste ano. No relato ao MP, disse que 10 dias depois começou a utilizar uma fórmula de adulteração repassada por um conhecido. Depois, o próprio Daniel Villanova teria apresentado a mesma fórmula e sugerido sua utilização, dizendo que nenhuma análise detectaria a adição de água. A receita seria adicionar 70 litros de água e 300 gramas de ureia ao leite. Segundo informado por Signor, em cada 30 cargas de leite mensais ele adulterava 20. Em média eram mandados para Selbach 600 mil litros do produto alimentício a cada 30 dias.
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Antenor Pedro Signor também confirmou que todo leite entregue no posto de resfriamento de Selbach era da Confepar, tanto de seus caminhões quanto de outros transportadores. O depoente ressaltou, ainda, que a mistura de água e ureia era adicionada ao leite depois da coleta junto aos produtores e colocada em todos os tanques, não separando leite de boa qualidade do adulterado. Ele informou ao MP que quando havia fiscalização do Ministério da Agricultura era avisado para desviar a rota.