O transplante de órgãos bateu recorde em Santa Catarina no ano passado, chegando a 1.521 cirurgias em 2022. O Estado lidera o ranking nacional de doadores de órgãos pela 14ª vez em 18 anos e reafirma a posição de referência no país. Com o crescimento de procedimentos, muitos pacientes puderam comemorar uma nova fase com mais saúde.

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No total, foram 14 cirurgias a mais do que em 2019, que tinha a melhor marca anual até então. Um dos procedimentos foi de José Rodolfo do Nascimento, de 43 anos. A operação do transplante de fígado aconteceu em novembro do ano passado após a descoberta de dois tumores cancerígenos.

— Se não tivesse operado, eu estaria pela bola sete, já estava no final [da vida]. Depois do transplante, o médico me disse que o fígado tinha mais tumores malignos do que eles sabiam, eram cinco. Graças a Deus foi na hora certa — relatou José Rodolfo.

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O paciente de Biguaçu passou por 15 anos de tratamento por conta da hepatite C e sabia que o transplante era uma opção quando o órgão chegasse ao limite. Do momento em que a médica indicou que seria necessário entrar na fila por um doador até o dia da cirurgia, foram três meses de espera.

— Depois da operação, é muita vontade de viver. Para mim, foi um recomeço. Estou muito feliz! — expressa o paciente.

Mais doadores, mais vida

O médico Joel de Andrade, coordenador estadual da SC Transplantes, explica que o crescimento na doação de órgãos torna a fila de transplantes em Santa Catarina mais rápida em relação aos demais estados brasileiros. Assim, é possível atender mais pacientes antes do agravamento das doenças por conta do tempo de espera.

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Em 2022, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) registrou recorde de 728 notificações de potenciais doadores. Destes, 329 foram doadores efetivos, 35 a mais do que no ano anterior. Cada um deles pode doar órgãos e tecidos a depender do quadro clínico.

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— Nós somos o estado que mais tem doadores. A cada doador, o número de oferta de órgão supera a quantidade de pacientes na espera por um fígado ou rim. No entanto, nem todos os pacientes podem receber porque depende do tipo sanguíneo e outras questões genéticas, no caso do rim — justifica o médico.

Entre as principais demandas atuais na fila catarinense por doação estão rim, com 650 pessoas na espera, córnea, com 476 na fila por um doador, e fígado, com 67.

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Todos esses órgãos e tecidos foram doados pela Eliane, mãe da Ana Carolina Lohn. A paciente, de 53 anos, estava no Hospital Regional de São José quando morreu em maio de 2022. Ao acompanhar o quadro clínico da mãe com a equipe médica, a filha pesquisou sobre os procedimentos e confirmou o que já era um desejo de Eliane.

— Minha mãe comentava, ser doadora era uma vontade dela. E como ela queria, foi importante para nós. Eu e meu pai estávamos preparados para isso. E se fosse ela precisando de uma doação, a gente iria querer que alguém tivesse essa empatia — relembra Ana Carolina.

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Décadas de avanço em conscientização

A secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto, destaca que o desempenho positivo de Santa Catarina em relação aos transplantes é fruto de 20 anos de trabalho de conscientização da população e profissionalização das equipes de saúde.

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— O serviço de captação de órgãos, coordenado pelo SC Transplantes, se transformou numa política de Estado — enfatiza a secretária.

No ano passado, o Estado registrou 44,8 doadores efetivos por milhão de população, nos casos de morte encefálica. Com relação aos potenciais doadores, a quantidade sobe para 99,2 por milhão de população. Os números superam até índices da Espanha, país líder em doação de órgãos há 30 anos e que inspirou o modelo sobre o assunto aplicado em Santa Catarina.

— Isso demonstra um desempenho excepcional dos coordenadores de transplante. A não autorização das famílias chegou a 27,4%, o que é surpreendente para o período pós pandemia. É preciso lembrar que, em 2007, havia 70% de não autorização familiar e, após intensos processos de treinamento, estes números reduziram consideravelmente — afirma o coordenador da SC Transplantes.

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Nas duas décadas de atuação da SC Transplantes, foram realizados mais de 20,6 mil transplantes de órgãos e tecidos. Os órgãos mais transplantados em todos esses anos foram córnea (9.341), rim de doador falecido (4.026), esclera (1.883) e fígado (1.867).

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