Crianças acima de um ano portadoras de neuroblastoma – tumor maligno que se desenvolve principalmente em crianças com menos de cinco anos de idade – foram objetos de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Com base em dados clínicos, laboratoriais e terapêuticos de cada uma delas, a pesquisa analisou a combinação entre quimioterapia e transplante de medula óssea. O resultado mostra que até mesmo os piores quadros clínicos apresentam significativa melhora com o transplante.

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O levantamento abordou pacientes que deram entrada no Hospital das Clínicas da USP no período de 1997 a 2007. Os dados eram acompanhados por meio dos prontuários de atendimento. A eficácia do ácido retinoico no tratamento foi comprovada na pesquisa. O grupo que utiliza o ácido tem 14 vezes mais chances de se curar do câncer.

– Alguns trabalhos já vinham sugerindo isso, mas nós comprovamos a importância significativa deste ácido durante o tratamento. Principalmente, porque ele é eficaz no combate a neuroblastomas já avançados – diz o médico Jairo Cartum, coordenador do estudo.

Conforme a pesquisa, quadros mais graves apresentam uma melhora muito maior quando a quimioterapia é complementada pelo transplante de medula óssea. Os pacientes que fizeram o transplante de medula óssea tiveram um prognóstico de cura muito maior. Das 53 crianças analisadas, 23 foram encaminhadas ao transplante e 30 permaneceram apenas com a quimioterapia. Pacientes submetidos ao transplante apresentam melhor sobrevida total em relação ao grupo não transplantado.

De acordo com o protocolo, somente aqueles que estão respondendo de forma positiva ao tratamento e têm boas chances de cura podem ser orientados à cirurgia. Quem não reage bem a um medicamento convencional não deve seguir para o transplante.

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– A atenção para este ramo é importante, porque quando se trata de uma doença oncológica, o tratamento se dá de acordo com a gravidade do problema – pontua o médico.

A realização de transplantes de medula óssea tem sido cada vez mais utilizada no Brasil. Nesse sentido, a pesquisa destaca a importância do estudo dos fatores prognósticos, ou seja, que são determinantes para o agravamento do neuroblastoma, para que se possa definir a metodologia de combate à doença. Cartum sugere que se criem centros de referência para tratamento de neuroblastomas avançados ou locais de drenagem de exames mais complexos de biologia molecular.