Aos 84 anos, Sylvio Back produziu 38 filmes, 25 livros, recebeu 77 premiações, além de homenagens. As mais recentes foram o Prêmio Academia Catarinense de Literatura 2021 e o título “Doutor honoris causa 2020” da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ambos pela excelência de sua obra dedicada à arte e à cultura catarinense e do país.
Continua depois da publicidade
> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
O cineasta e escritor nasceu em Santa Catarina e viveu no Paraná até escolher o Rio de Janeiro para morar. Os avós maternos tinham hotel na Alemanha e, às vésperas do início da Segunda Guerra Mundial, refugiaram-se no Brasil, conseguindo trazer bens que possibilitaram a compra de um hotel em Balneário Camboriú. Sylvio Back nasceu em 1937, na maternidade próxima, em Blumenau.
> Maicon Tenfen vive fase de novas conquistas
Com o início da guerra na Europa e as repercussões no Brasil, em especial nessa região catarinense onde se estabeleceram muitos imigrantes alemães, a família mudou-se de Balneário Camboriú para Florianópolis e, em seguida, para o Paraná.
Continua depois da publicidade
O pai húngaro judeu e a mãe alemã, que se conheceram em Santa Catarina, separaram-se pouco depois que Sylvio Back nasceu. Foi criado pela mãe e a avó, proprietária de outro hotel e um restaurante em Antonina, litoral paranaense. Ao lado, ficava um cinema e cresceu assistindo aos filmes das décadas de 1940 e 1950 na grande tela. Nascia ali o sonho de ser cineasta.
Mas antes percorreu outros caminhos. Já falava alemão em casa e, com o desejo de ser diplomata, estudou francês e inglês. Iniciou a faculdade de economia, foi professor de línguas, português e literatura em cursinho. Trabalhou como crítico de cinema, diretor de TV e jornalista.
> Edla van Steen: de atriz a escritora premiada
Em 1962, fundou o Clube de Cinema do Paraná. Autodidata, buscou em filmes, making off e livros, o conhecimento para dirigir “As moradas”, lançado em 1964, época da ditadura. Quatro anos depois, quando as ruas do país eram tomadas pelo movimento estudantil em protesto ao regime militar e o governo decretou medidas mais severas de censura, estreou em longa-metragem com “Lance maior”.
> Conheça Luiz Delfino, um dos maiores poetas do país
Dirigiu mais 11 longas e 25 curtas e médias em uma carreira consistente e premiada internacionalmente e destaca-se como um dos mais importantes cineastas do Brasil. Filmes como “Cruz e Sousa – o poeta do Desterro” e “O Contestado – restos mortais”, entre outros, proporcionaram visibilidade a pessoas, fatos históricos e ambientes sulistas no cenário nacional, que tinha o predomínio do eixo Rio-São Paulo.
Continua depois da publicidade
Aos 48 anos, sensibilizado pela morte de uma pessoa amada, recolheu-se junto a uma paixão antiga, a poesia. Passou a escrever poemas. Reuniu algumas dezenas e enviou para o amigo poeta paranaense Paulo Leminski, que já tinha carreira reconhecida na literatura. Recebeu dele e de outros escritores o incentivo para lançar o primeiro livro, “O caderno erótico” (1986). Desde esta estreia e devido a outras obras, como “A vinha do desejo” (1994), “Boudoir” (1999) e “As mulheres gozam pelo ouvido” (2007), o erotismo explícito tornou-se a marca na poesia.
> Conheça a história de outros grandes escritores catarinenses
No ano passado, a editora UFSC lançou “Silenciário”, reunindo a obra poética de 35 anos e a coletânea “A maior diversão”, com 36 poemas ainda inéditos de Sylvio Back, que completa 85 anos em julho próximo.
*Texto de Gisele Kakuta Monteiro
Leia também:
> Conheça a vida e a obra do escritor catarinense Adolfo Boss Junior
> Como a “fome” de leitura criou um grande escritor em Santa Catarina
> Como Franklin Cascaes trabalhou o imaginário coletivo de Florianópolis e região
> Conheça a história do catarinense Cruz e Sousa, o poeta do Simbolismo
> Quem é Godofredo de Oliveira Neto, o escritor que mescla literatura com história