O rompimento de um reservatório da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) no bairro Monte Cristo, em Florianópolis, nesta quarta-feira (6) retomou um trauma entre famílias da Lagoa da Conceição, também na Capital, atingidas por outra tragédia envolvendo a empresa. Em 25 de janeiro de 2021, uma enxurrada de esgoto tratado deixou um rastro de destruição após uma estação se romper.
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A Avenida das Rendeiras, principal via da Lagoa, ficou debaixo de água na ocasião, o que deixou carros submersos e causou prejuízos a dezenas de pessoas. Os mais atingidos, no entanto, foram os moradores da Servidão Manoel Luiz Duarte, que tiveram as casas inundadas e os bens destruídos.
Moradora da servidão, Andréa Zanella afirma que a tragédia no Monte Cristo foi um dia de dor também para os moradores da Lagoa da Conceição.
— Foi muito doloroso. A gente tem conversado com vizinhos. Tem vizinhos que não conseguem nem falar sobre o assunto, que passaram o dia chorando — diz a moradora, que decidiu ir ao Monte Cristo prestar solidariedade aos atingidos pela nova tragédia em Florianópolis.
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— Eu fui lá, passei a manhã com as pessoas, para não sofrerem o que a gente sofreu. É muito doloroso ver que um crime de dois anos atrás aconteceu de novo. Quantos mais vão ter que acontecer? Vai ter que morrer gente? A minha sensação é de que estamos vivendo com bombas-relógios do lado das nossas casas. É traumático reviver esse drama — afirma Andréa.
Famílias da Lagoa ainda buscam indenização por dano moral
Zanella é vice-presidente de uma associação montada pelos moradores de sua servidão para reivindicar direitos da Casan. Ela afirma que foram pagas indenizações por danos materiais, mas em processo conturbado. Cada atingido teve que comprovar as perdas que teve sem ter orientação para isso.
— Aconteceu aquilo na segunda-feira. Na terça, tinha um exército de caminhões para fazer limpeza nas ruas e nas casas das pessoas. Depois pediram comprovação. Tive que fazer tabela, fotografia dos bens, três orçamentos para cada bem, buscar uma assessoria independente. Foi muito penoso, a gente sofreu muito. Teve vizinho que perdeu o telefone, então nem teria como fazer foto — afirma Andréa.
A Casan contabiliza 35 imóveis atingidos. A associação da servidão conta, no entanto, 82 unidades habitacionais prejudicadas, já que é comum no bairro um mesmo endereço ser dividido em várias residências. A estimativa da entidade é de que 200 pessoas foram diretamente atingidas.
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O Corpo de Bombeiros Militar catarinense (CBMSC) resgatou, à época, 70 moradores durante o rompimento. Uma pessoa foi levada para o hospital com ferimentos leves.
Procurada pela reportagem, a Casan não se manifestou sobre o assunto.
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