O ato extremo contra a vida de uma pessoa tem se repetido em Blumenau. Aconteceu no Norte da cidade, no Sul, na comunidade carente e também no condomínio de classe média. Aconteceu quinta-feira à noite de novo, quando um homem matou a namorada. O crescente número de homicídios em Blumenau chama a atenção e levanta o debate sobre a sensação de insegurança na cidade. Com 19 assassinatos em 2017 até agora, o município vive o começo de ano mais violento dos últimos cinco anos.
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Casos como o de quinta, no entanto, não aparecem com frequência entre homicídios registrados até agora. Neste ano, as disputas entre facções criminosas e questões relacionadas ao tráfico de drogas foram as principais responsáveis por elevar o número de pessoas mortas violentamente em Blumenau. Dos casos em que a Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil já desvendou a motivação, pelo menos seis estão diretamente relacionados ao ambiente dos bandidos.
— Qualquer crime afeta a sociedade pois traz a sensação de insegurança. Blumenau não é mais uma cidade pacata e o governo do Estado não pode tratá-la como uma, se não corremos o risco de ver aqui o que hoje acontece em Joinville e Florianópolis, onde há uma guerra declarada entre facções criminosas e um número assustador de homicídios — analisa o advogado coordenador da Comissão de Segurança Pública da OAB Blumenau,Rodrigo Novelli.
Até os primeiros dias de maio do ano passado Blumenau havia registrado 14 homicídios. Com os 19 deste ano o aumento fica na casa dos 35%. Na visão do delegado Bruno Effori, responsável pela DIC da Polícia Civil da cidade, os números não chegam a refletir um aumento específico da violência em Blumenau pois se tratam de casos relacionados a disputas entre pessoas, e não crimes violentos contra o cidadão como o latrocínio (roubo seguido de morte) – que não ocorreu nenhuma vez nesse ano.
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— São crimes difíceis de prevenir e também de investigar, pois quem testemunha um assassinato por dívida de tráfico de drogas ou de uma facção criminosa tem muito medo de retaliação. É muito difícil formalizar essa denúncia, mas a polícia tem recursos e bons agentes escolhidos na comarca para investigar — destaca o delegado, falando sobre o bom número de suspeitos identificados e presos nos crimes registrados: dos 19, em apenas cinco assassinatos a polícia ainda não tem um suspeito identificado. Onze pessoas estão presas enquanto respondem ao processo pelo homicídio que cometeram.
Em pastas azuis espalhadas pela mesa do delegado, sete dos homicídios já foram solucionados e aguardam julgamento. Fichados em detalhes no papel, vidas perdidas que aguardam algum encerramento com justiça.
Crimes chamam a atenção pela
crueldade dos assassinatos
Causa comoção em Blumenau e choca os moradores a violência extrema de alguns crimes. Essa semana a polícia encontrou o corpo de Jean Carlos Cruz decapitado em um matagal na Itoupavazinha; um detento do presídio de Blumenau que trabalhava na URB foi baleado durante o dia enquanto trabalhava na Via Expressa; um homem foi espancado até a morte em fevereiro, outro foi morto com golpes de faca e teve o corpo incendiado.
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Crimes brutais que, embora estejam relativamente distantes do dia a dia de boa parte dos moradores da cidade, aumentam a sensação de insegurança. Para o advogado Rodrigo Novelli, não há como pontuar uma única solução para tentar resolver o aumento do número de homicídios:
— A solução chega quando tudo funciona. É uma Polícia Militar com efetivo suficiente e viaturas funcionando, um lugar correto para colocar os eventuais presos, um poder Judiciário eficiente que julga os processos… Só assim, com a união desses fatores, é possível controlar essa estatística.