Às 6h10min desta quinta-feira, dia 21, o comboio formado por viaturas da Polícia Civil subiu a Rua João Carvalho, principal acesso ao Morro do 25, em Florianópolis. Começava a Operação Sul América, comandada pelo titular da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC), delegado Cláudio Monteiro.
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O combate ao tráfico de drogas no Morro do Xeca-Xeca, localizado dentro do território do Morro do 25, foi o objetivo da investigação que começou há dois meses e resultou na operação batizada com o nome do campinho de futebol da comunidade, onde o próprio delegado Monteiro nasceu e se criou.
Confira o vídeo:
Referência no combate ao narcotráfico em Santa Catarina, Cláudio Monteiro prendeu nesta manhã traficantes que conheceu na infância.
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– Eu vi muitos deles crescerem e lamento que tenham seguido esse caminho. Mas estou aqui para fazer o meu trabalho. A ideia é tirar armas de circulação e prender esse pessoal que vinha aterrorizando os moradores. Sei de pessoas que foram expulsas do morro pelos traficantes. Eles não respeitam ninguém – afirmou o delegado da Deic.
Clientes do tráfico
Ao longo dos dois meses de investigação, incluindo dias e noites de campana, os policiais da DRE filmaram os principais fomentadores do comércio de entorpecentes: os usuários.
Empresários, estudantes de colégios públicos e particulares, professores de Ensino Fundamental, comerciantes do próprio Bairro da Agronômica subindo o morro de carro e a pé, durante o dia e à noite para comprar cocaína e maconha, as principais drogas vendidas pela quadrilha.
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– Vários desses usuários foram surpreendidos comprando droga. Essas mesmas pessoas são aquelas que cobram da polícia quando acontecem episódios de violência. Não que eu me preocupe com cobrança. Muito pelo contrário. A cobrança me estimula. Mas são os usuários que fomentam o tráfico – observou o delegado Monteiro.
Tráfico familiar
O comércio de entorpecentes no Morro do Xeca-Xeca (Morro do 25) é mantido há três gerações da mesma família. O patriarca, Nelson de Oliveira, o Xeca-Xeca, era da “velha escola” de traficantes que vendiam apenas maconha para jovens da Capital. Morreu em 2005 e o negócio ficou em família.
Traições e mortes fazem parte da história dessa família, uma das mais antigas da comunidade. Atualmente, os traficantes vendem cerca de 100 quilos de maconha e aproximadamente 10 quilos de cocaína por mês, conforme informação do delegado Claudio Monteiro.
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Homens que trabalham na gerência e como vapores da quadrilha local foram presos preventivamente por tráfico de drogas e associação para o tráfico, nesta manhã. São eles: Márcio da Silva de Oliveira, 31 anos, Alex Cristian Coelho, 20 anos, Jairo Cardoso Pereira, 45 anos, e Nikolas Felipe do Nascimento, 18 anos.
Os dois últimos também foram presos em flagrante por tráfico. Jairo estava com cerca de meio quilo de maconha em casa e Nikolas com cerca de um quilo de maconha e uma pistola .45 com munição, arma restrita das forças policiais. Ele também responderá por posse ilegal de arma. Todos foram encaminhados para a Deic.
Os policiais também apreenderam R$ 2.392 em dinheiro picado decorrente do tráfico, pequenas porções de maconha e cocaína, balança de precisão, celulares, máquina fotográfica e documentos comprovando a negociação de drogas. O Ministério Público já fez a denúncia contra o bando e o processo corria segredo de Justiça.
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Participaram da operação cerca de 40 policiais civis de diferentes divisões da Deic, da Delegacia de Repressão à Roubos da Capital (DRR), da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Palhoça, e equipe da Cãofiança que emprestou o cão Marley.
Faro de Marley é imbatível
Diversos policiais civis se espalharam pelos becos e casas para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão da Operação Sul América. Enquanto os traficantes eram presos, policiais foram em busca das drogas.
O cão Marley, da raça Golden Retriever, deu um apoio importante. Ele encontrou cocaína e maconha em esconderijos em cima de portas e embaixo de tijolos. Até um retentor de pistola ele achou. A peça que serve para travar partes da arma havia sido manipulada por alguém que teve contato com droga e por isso Marley o encontrou. O cão de sete anos de idade tem seu uniforme próprio.
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Marley é da escola de adestradores Cãofiança, que tem uma parceria com a Polícia Civil para apoiar operações. No morro, chamou atenção até dos cães vira-latas que se aproximaram dele durante os intervalos entre uma busca e outra para que bebesse água. As crianças também se encantaram com Marley, que adora cafuné.
Uma parte dos entorpecentes encontrada pelo cão foi na casa onde os gerentes “picam” a droga, ou seja, cortam a maconha em pequenas partes e separam a cocaína em trouxinhas para a venda. A droga chega em partes maiores e sai pronta para ser comercializada.
A casa invadida pelo tráfico fica na Rua José Pedro Gil. Era de uma velhinha que faleceu e acabou ficando abandonada. Fica a cerca de 10 metros de uma creche. Os traficantes fazem toda a movimentação na frente das crianças e dos demais moradores da comunidade.
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