No gosto pelo Carnaval tem gente que vai além. Estuda, resgata e se mobiliza para não ser apenas participante da folia. Dessa paixão, sentida por pessoas como a professora de psicologia Daniela Schneider, 49, é que surgem os blocos de rua. Cada um à sua maneira, eles resgata o charme dos antigos carnavais.
Continua depois da publicidade
:: Guia completo do Carnaval em Santa Catarina
Daniela é uma das fundadoras do Baiacu de alguém, criado há 23 anos por estudantes de psicologia da UFSC. O bloco surgiu como uma forma de participar do bloco dos sujos sem precisar estar travestido.
– Pensamos em fazer uma camiseta para não precisar se fantasiar. O nome teve como base blocos já famosos, como o Berbigão do Boca – recorda.
Continua depois da publicidade
A professora foi apresentada ao Carnaval pelo pai, que faleceu semanas antes da folia deste ano. Era ele quem levava Daniela ainda pequena para curtir a folia nas ruas de Florianópolis:
– Nós temos muito essa ideia de resgate. Fazemos o Carnaval tradicional das marchinhas e do samba. Além disso, muitos dos nossos integrantes são da comunidade.
Os primeiros desfiles do Baiacu aconteceram no Centro de Florianópolis. Em 1999, com o aumento da violência na região, o bloco migrou para Santo Antonio de Lisboa, onde moravam muitos participantes e onde já havia blocos tradicionais fazendo Carnaval.
Continua depois da publicidade
De lá para cá o espírito se manteve. Foram promovidas oficinas de percussão e muitas das crianças que cresceram vendo o Baiacu passar hoje fazem parte da bateria, com cerca de 150 integrantes.
Além deles, outras aproximadamente 30 pessoas ajudam a organizar o desfile. Este ano, o bloco sai à rua hoje e na segunda-feira. São esperados mais de mil participantes. As camisetas ainda podem ser encontradas na sede do bloco em Santo Antônio (veja página….).
Não vale furar
Independente de como se curte a folia, o importante para ser merecedor do título de encarnado em Carnaval é não falhar. Faça chuva ou sol, sozinho ou acompanhado, é preciso estar presente. Exemplo dessa teoria é o fotógrafo e professor de educação física Marcelo Depizzolatti, 35.
Continua depois da publicidade
Caracterizado com todos os apetrechos de que tem direito, o manezinho não perde um bloco de sujos em Florianópolis desde a adolescência. Começou a participar aos 17 anos e segue na tradição ano a ano, sempre travestido.
– É muito legal. Você acaba encontrando gente que não via há muito tempo – comenta.
A obstinação do folião é tanta que no ano passado adiou em um dia uma viagem para os Estados Unidos para não perder a festa. Por aí já é de se imaginar que Marcelo abra mão de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, até de companhia, para participar do bloco de sujos. Ele sempre telefona para os amigos, organiza um esquenta cedo e fica mais horas que a média na festa.
– Tem namorada que às vezes não gosta tanto. Mas elas é que tiveram que se adaptar – conta aos risos, lembrando que nem sempre as moças estão
Continua depois da publicidade