O trabalhador do século 21 é cada vez mais, além de quem mantém vínculos empregatícios, o brasileiro que toca adiante, por conta e risco, sonhos e projetos.
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Mesmo que tenha perdido parte da importância simbólica que teve até o final do século 20, o Dia do Trabalhador ainda é uma data estimuladora de reflexões. Num país que chegou à conquista rara do pleno emprego, enquanto a maioria das nações se debate com o aumento da desocupação, especialmente entre os jovens, é preciso que o 1º de Maio vá além das celebrações e da reapresentação de bandeiras históricas dos trabalhadores. Conquistas proporcionadas pelo fortalecimento do mercado interno, pela melhoria de renda e pela consequente ascensão social têm desafios concretos, que dependem de ações governamentais. É este o caso do enfrentamento da ameaça de estagnação da economia.
Questionar as políticas públicas é também uma tarefa das centrais sindicais, quando se firma a convicção de que o pleno emprego somente será duradouro com a retomada do crescimento. Com a aceleração das mudanças no cenário brasileiro e mundial, ampliou-se o alcance do que é um trabalhador. O trabalho clássico, associado ao assalariado, tem hoje a companhia das atividades de empreendedores. Há muito o 1o de Maio deixou de ser uma data restrita à imagem do operário do ambiente de fábrica ou do prestador de serviços das mais variadas áreas.
O trabalhador do século 21 é, cada vez mais, além de quem mantém vínculos empregatícios, o brasileiro que toca adiante, por conta e risco, sonhos e projetos. Um país que sustentou até agora a estabilidade no fortalecimento do consumo precisa ir além do que foi feito até aqui, para que oportunidades sejam consolidadas e ampliadas, num contexto de baixo desemprego. Exigem avanços, com iniciativas concretas, as reformas tributária, previdenciária e trabalhista, que eliminem falsas garantias e assegurem proteção efetiva a quem trabalha e empreende.
É inconcebível que um país alinhado entre os candidatos a potência econômica ainda conviva com normas anacrônicas, definidas há mais de 70 anos, nas relações de trabalho; com distorções graves no sistema tributário, que agravam as diferenças regionais; e com um modelo de previdência que apenas amplia um déficit que se tornará incontornável no médio prazo. Às reformas estruturais devem ser agregados esforços pontuais, como o aperfeiçoamento de programas de qualificação da mão de obra, que contemple as demandas do novo mercado de trabalho. A
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s centrais defendem, entre outras questões, redução de jornada de trabalho, fim do fator previdenciário, aceleração da reforma agrária, fim da terceirização, democratização dos meios de comunicação, igualdade entre homens e mulheres e intensificação do combate à corrupção na política. É uma pauta que reprisa reivindicações históricas do sindicalismo, algumas em desacordo com as mudanças mundiais, mas que devem ser respeitadas como a expressão de entidades representativas das mais diversas categorias profissionais.