Por mais que a internet insista no comodismo de oferecer tudo a uns poucos cliques – e isso nos é muito útil. Não vamos aqui desdenhar do que nos ajuda – o trabalho de repórter requer solas de sapato bem gastas. E é, de certa forma, o que mais dá prazer (pelo menos para mim) nesta função essencialmente operária do jornalismo.
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Costumeiramente ligado no 220 walts, o fotógrafo Charles Guerra não perdeu a chance de me clicar na correria desta pauta. Quando ele avistou a elegância da entrevistada, lançou para mim: “Cris, olha que elegância. Está de acordo? Se sim, eu já fiz a foto”.
Estava super de acordo e tive que, literalmente, correr atrás dela. A mochila de uma alça só do Marcelo parecia couro – informação que ele mesmo deu. Mas nada como tocar a peça para ter certeza, depois de, lógico, pedir licença ao entrevistado.
Checar sempre e de maneiras diferentes é um mantra no trabalho de apuração de uma reportagem. No final, eu e o Charles sentamos ali, na Praça XV, para esperar o carro do jornal. Foi então que ele começou a me mostrar os flagras “solas de sapato gastas”. A gente riu com a leveza de trabalho cumprido. (Não só por isso. Eu sei. As fotos estão engraçadas, e ele teve que me convencer a propor publicá-las).
Mas é que no meio desta pauta ainda rolou o imprevisível que tanto faz parte do cotidiano do jornalismo. Entre um look e outro, rolava na Rua Jerônimo Coelho uma manifestação de integrantes do MST. Fizemos foto, entrevistas, passamos à equipe do Online do jornal e, depois, voltamos à moda.
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