No Dia do Trabalho, comemorado nesta quarta-feira (1º), o NSC Total traz alguns apontamentos sobre as vantagens e desvantagens das modalidade home office e nomadismo digital. Guilherme Borges trocou duas horas de trânsito por dia pela possibilidade de aproveitar mais a família e tomar café da manhã sem pressa. Juliane Guerreiro viu os 30 anos “baterem à porta” e buscou um novo formato de viver e trabalhar, embarcando em um “mochilão” enquanto trabalha online e faz voluntariado.
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Ambos trabalhavam em grandes cidades de Santa Catarina — Florianópolis e Joinville, respectivamente — e seguiram uma tendência cada vez mais frequente, especialmente no pós-pandemia: o desejo por adotar o home office e deixar o trabalho presencial para trás.
Guilherme conta que trocou o cargo de editor de vídeo em uma emissora de televisão para prestar serviço de edição de vídeos de eventos e também para o YouTube.
Nesse modelo, com uma conexão de internet boa, ele consegue trabalhar de qualquer lugar, o que tem possibilitado morar em diferentes regiões do país. Guilherme, que morava em São José, conta que está em Curitiba (PR), mas que já tem planejado outros dois destinos para as próximas mudanças.
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— No trabalho presencial, eu utilizava cerca de 2 horas do meu dia apenas para ir e vir do local, me estressava no trânsito, chegava em casa muito cansado e muitas vezes isso me desmotivava de estudar. Queria chegar em casa, tomar um banho, comer e dormir. Com o trabalho home office, basta ligar o computador e estou no meu local de trabalho. Esses foram os principais motivos que fizeram com que eu escolhesse o modelo de trabalho à distância — afirma.
O editor de vídeo destaca ainda, entre as vantagens, o ambiente menos estressante e poder aproveitar melhor o horário de intervalo, além da possibilidade de trabalhar de qualquer lugar.
Já entre os pontos negativos ele aponta a falta de contato e interação com os colegas. Mas, para Guilherme, a tendência do trabalho remoto não veio para ficar.
— Acredito que muitas pessoas não se adaptam ao trabalho remoto, não conseguem manter o foco no trabalho da mesma forma que presencialmente, sentem muita falta de ir e vir do trabalho, dos colegas, do ambiente como um todo. Acredito que o trabalho home office foi o único ponto positivo da pandemia, mas não será o modelo definitivo futuramente pois depende de muitas variáveis. Depende se o trabalho permite trabalhar de casa, se o chefe permite que o trabalho seja feito de maneira remota e se o funcionário é feliz trabalhando — alega.
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Trabalho remoto vira aliado de “mochilão”
Já no caso de Juliane, foi a percepção de estar em um ritmo muito acelerado de trabalho que a fez decidir mudar. Depois de meses de planejamento, veio a decisão: deixar o emprego como repórter e ficar só com trabalhos como freelancer para poder viajar.
— Quando eu trabalhava CLT/presencial, também já fazia “freelas” online, e percebi que estava trabalhando demais, realmente em um ritmo de viver para trabalhar, sem aproveitar muito da vida. Como os 30 anos bateram à minha porta, comecei a pensar se era realmente isso que eu queria e a analisar as minhas possibilidades. Eu já conhecia algumas pessoas que faziam mochilão/voluntariado e, com base nisso, comecei a pesquisar mais sobre o assunto e avaliar se isso realmente caberia para mim, considerando estilo de vida, orçamento e etc — conta Juliane.
A flexibilidade desse novo estilo de vida é o ponto chave para Juliane, que alia os trabalhos de produção de conteúdo e voluntariado através da plataforma Worldpackers. É por conta desse formato que ela consegue trabalhar, tendo uma conexão de internet, enquanto viaja por diferentes destinos. A joinvilense atualmente está em Ouro Preto (MG).

Por estar em um mochilão, conhecendo novas pessoas a cada dia, ela avalia que não sente falta do trabalho presencial.
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— Se eu estivesse trabalhando de casa, como já aconteceu por um período, provavelmente sentiria falta de conviver com outras pessoas. Mas, como faço mochilão, acabo conhecendo outros viajantes no caminho e não sinto mais isso — destaca.
E as perspectivas dela sobre as mudanças no mercado de trabalho, com adoção do home office e a possibilidade de trabalhar de diferentes locais, são positivas.
— Durante o mochilão, já ouvi muito que a pandemia abriu os olhos das pessoas sobre os problemas de um ritmo de trabalho acelerado demais ou sobre a necessidade de fazer outras coisas além de trabalhar. Por isso, acho que tanto o home office quanto o nomadismo digital são tendências. E acho que isso também pode até ajudar na produtividade e na criatividade e contribuir para os resultados na vida profissional — afirma.
Pesquisa aponta satisfação com home office
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) divulgou dados da Sondagem do Mercado de Trabalho. A análise avaliou que os trabalhadores brasileiros apontam diversos pontos positivos no formato home office e gostariam de trabalhar mais dias por semana de casa.
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A pesquisa traz uma média de dias trabalhados em casa, já que muitas empresas no pós-pandemia adotaram o modelo híbrido, em que há a possibilidade de fazer home office alguns dias da semana e trabalhar no escritório em outros dias.
Antes da pandemia, a média de dias trabalhado de casa era de 1,4 dia por semana. Em 2022, esse número estava em 3,5 dias de casa por semana, e em 2023 caiu para 3,3 dias trabalhados de casa por semana.
Contudo, os indicadores mostram um contraste. Enquanto trabalhadores gostariam de trabalhar, em média quatro dias por semana de casa, empregadores gostariam de um número próximo de três dias em casa e dois no escritório.
A satisfação e a produtividade dos trabalhadores que deixaram o escritório para trás são alguns dos indicadores positivos. A pesquisa indica que menos de 30% dos empregados que trabalham ao menos um dia de casa gostariam de deixar o modelo e retornar ao presencial de forma total.
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Já para aqueles que somente trabalham da empresa, 49,7% afirmam que gostariam de trabalhar de casa, total ou parcialmente.
A pesquisa questionou também os principais pontos positivos de trabalhar de casa na visão dos trabalhadores. Os itens mais citados coincidem com aqueles listados por Guilherme e Juliane, como horários mais flexíveis e aumento do bem-estar. Veja o ranking:
- Horários mais flexíveis – 43,6%
- Aumento do bem-estar/qualidade de vida – 28,5%
- Não perder tempo com deslocamento – 15,8%
- Aumento da produtividade no trabalho em si – 5,2%
- Conforto para trabalhar – 3,5%
- Outros – 1,5%
- Redução de custos – 1,3%
- Não enxergo pontos positivos – 0,6%
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