Um grupo de 13 pessoas foi resgatado pela Polícia Civil de Caçador, região Oeste de Santa Catarina. Eles foram encontrados trabalhando em condição de escravidão em uma plantação de cebola. Entre eles estava uma adolescente grávida. O responsável pela propriedade acabou preso em flagrante. 

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O caso ocorreu nesta sexta-feira (28), Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

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A polícia descobriu a situação após receber uma denúncia anônima. Os agentes contam que os trabalhadores estavam em condições degradantes, alojados em um ambiente insalubre, com pouca comida e apenas um banheiro para todos. Das 13 pessoas resgatadas, duas eram menores de idade, sendo uma gestante de 16 anos.

As vítimas relataram trabalharem por 11 horas seguidas e ainda sem receber o que lhes foi prometido. Vindos de diferentes estados do Brasil, os trabalhadores tinham a promessa de ganhar por produção e que teriam comida e alojamento sem custos adicionais. Porém, quando chegaram a Caçador, passaram a ser cobrados pela alimentação e moradia e, no final, estavam ganhando a metade do previsto.

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As vítimas foram levadas à delegacia para depoimento e depois receberam acolhimento em um abrigo da prefeitura. De acordo com a Polícia Civil, a assistência social se comprometeu a ajudar quem quiser voltar à cidade de origem. 

O empresáro deve passar por audiência de custódia com a Justiça Federal na manhã deste sábado.

> Trabalho escravo em SC tem maior número de investigações em 6 anos

A lei brasileira define trabalho análogo à escravidão aquele em que pessoas estão submetidas a trabalhos forçados, jornadas intensas que podem causar danos físicos, condições degradantes e restrição de locomoção em razão de dívida contraída com empregador.

Situação em que trabalhadores foram encontrados em Caçador
Situação em que trabalhadores foram encontrados em Caçador – (Foto: Polícia Civil, Divulgação)
Situação em que trabalhadores foram encontrados em Caçador
Situação em que trabalhadores foram encontrados em Caçador – (Foto: Polícia Civil, Divulgação)
Situação em que trabalhadores foram encontrados em Caçador
Situação em que trabalhadores foram encontrados em Caçador – (Foto: Polícia Civil, Divulgação)

Números chocantes

Dados do Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT/SC) apontam crescimento de 31% no número de inquéritos civis abertos para apurar denúncias de trabalho análogo à escravidão no Estado. Enquanto o total chegou a 19 em 2020, no ano passado saltou para 25.

É a maior quantidade registrada nos últimos seis anos, conforme apuração do g1 SC. Anteriormente, o pico havia ocorrido em 2018, época em que foram abertos 20 inquéritos.

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> Santa Catarina precisa reagir aos vergonhosos casos de trabalho escravo

O número de denúncias sobre casos de trabalho escravo contemporâneo também cresceu. Entre 2020 e 2021, o percentual subiu 69,9% no Estado. 

Foram 29 registros em 2020 contra 49 no ano passado. De acordo com o MPT, as denúncias são avaliadas antes de se tornarem inquéritos, o que explica a diferença dos dados em relação aos procedimentos investigatórios.

Em 2020, mais de 100 trabalhadores foram encontrados em situação de escravidão em Santa Catarina. A maioria em Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí, também em plantações de cebola. No ano passado, segundo dados oficiais, foram ao menos 22 pessoas retiradas de situação análoga à escravidão. Novamente em propriedades rurais.