Se os refugiados em países diferentes dos seus ou deslocados dentro das fronteiras dos próprios territórios fossem uma nação, formariam uma do tamanho da Argentina e do Uruguai juntos.

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Há, pelo menos, 45 milhões de vítimas de deslocamentos forçados no mundo – um número que não era registrado desde 1994, quando o mundo assistia ao genocídio em Ruanda e enfrentava as consequências da dissolução da Iugoslávia.

É o que aponta um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), marcando o Dia Mundial do Refugiado, na quinta. Dezenove anos depois da grande explosão de refugiados, o novo fator de deslocamento global é a crise na Síria, que se estende desde março de 2011 e que, segundo estimativa das Nações Unidas, já matou 93 mil pessoas.

– Assistimos a uma multiplicação de novos conflitos, e parece que os antigos conflitos não morrem nunca – lamentou o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres.

Os sírios engrossam as estatísticas tradicionalmente lideradas por Afeganistão, Somália, Iraque e Sudão. Em 2011, a Síria era o 36º país de origem de refugiados, mas, em 2012, passou a ser o quarto, com 728,5 mil. A previsão é de que 2013 seja ainda pior, diz a Acnur. Os cálculos apontam que o número já alcance 3,5 milhões de sírios refugiados no Exterior e mais de 6 milhões deslocados internamente.

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O mais dramático são os registros de novas vítimas: 7,6 milhões. O documento cita também as crises no Mali e na República Democrática do Congo.

Um dos problemas humanitários mais graves, segundo a agência da ONU, são adolescentes e crianças que viajam sozinhas ou separadas de seus pais, com ajuda de contrabandistas e traficantes.

Guerra síria aumenta registros também no Brasil

Somente entre abril e maio deste ano, houve um aumento de 46% no número de refúgios sírios reconhecidos pelo governo brasileiro. Há 202 refugiados sírios no país e 50 solicitações pendentes de análise. Os dados foram divulgados ontem pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça.

Em maio, o Brasil tinha 4.336 refugiados de 76 nacionalidades. O relatório não contabiliza a onda de haitianos, pois o refúgio não é definido por desastres naturais, e sim por perseguição ligada a raça, religião, nacionalidade, grupo social e posicionamentos políticos. A emigração em massa de haitianos ocorreu, principalmente, pelas consequências do terremoto de 2010.

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Entre os Estados brasileiros que mais recebem refugiados estão São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No domingo, um passeio ciclístico em Porto Alegre vai comemorar o Dia Mundial do Refugiado. No Estado, há cerca de 300 pessoas, a maioria palestinos e colombianos.