Somente em 2020, no mínimo três tornados foram registrados em Santa Catarina, causando verdadeiros estragos em cidades como Água Doce e Irineópolis, Meio Oeste e Planalto Norte do Estado.
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Mas, você sabia que o Estado de Santa Catarina pode estar situado no chamado “corredor de tornados” da América do Sul? Calma, isso não é motivo para medo. Na verdade, especialistas do tema afirmam em seus estudos, praticamente todos os estados do Sul, incluindo os países Hermanos (Argentina e Uruguai) também estão na passagem de alguns destes fenômenos.
Há um ano atrás, em junho, um tornado deixava destroços em cidades como Descanso e Belmonte, lá no Extremo-Oeste do Estado, quase fronteira com a Argentina No outro mês, em agosto, as coordenações da Defesa Civil registrava nota de mais dois tornados. Com isso, em algumas regiões do Estado, os metereologistas afirmam que as condições climáticas facilitam a formação do fenômeno, e que não vem de hoje.
Vamos estudar mais a fundo esse fenômeno do tornado em Santa Catarina?
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Como os tornados se formam em Santa Catarina
Segundo os metereologistas, uma das principais explicações para a formação de tornados no Estado, acontece pelo sistema de baixa pressão (o que geralmente ouvimos nas fases do primeiro semestre nos noticiários da NSC diariamente) – fortalecidos pelo fluxo de ar quente e úmido formados e vindos direto da Amazônia.
Ainda segundo a meteorologia, a formação de tornados que atingem Santa Catarina são considerados em categorias, F0, F1 e F2. Logo a seguir, verificaremos o que são e como funcionam essas escalas.
Tais fenômenos são considerados amplamente normais na região do Estado, e tem mais: trata-se da segunda parte do planeta onde verificamos com maior intensidade a formação real de tempestades, ficando atrás apenas para os Estados Unidos.
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O que é um tornado?
Um tornado é um tipo de funil em forma de nuvem que desce até o solo. Basicamente, a sua parte inferior permanece rodeada por fortes ventos que se materializam em uma grande coluna de ar que passa a girar de forma rápida e violenta (potencialmente perigosa), quando em contato com a Terra.
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A palavra “tornado” vem do latim “tonare” que significa “trovejar”, e depois do espanhol “tronada”, que é “tempestade de trovões”.
Na verdade, um tornado é um dos fenômenos atmosféricos mais fortes que a ciência conhece, chegando a possuir várias formas e tamanhos. Desta forma, a força dos ventos podem chegar até 180 quilômetros por hora, e medindo cerca de 80 metros de diâmetro. Porém, já houve indícios de tornados extremos chegando a 480 km/h!
Em relação aos diferentes tipos de tornados, podemos citar: landspouts (tornados de trombas marinhas), gustnados (redemoinhos de poeira) e outros.
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Como tornados são medidos?
A escala de Fujita é a medição utilizada para conhecer a intensidade de um tornado. Essa medição é avaliada segundo a força e a potência de danos que podem ser causados. Assim, pode ser um tornado F0, sendo o tipo mais fraco dessa classificação, onde pode no máximo, destruir árvores e postes, mas não chega a danificar grandes estruturas.
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Pelo contrário, um tornado tipo F5, pode por sua vez, prejudicar edificações grandes, até os famosos arranha-céus.
Geralmente, à vista, um tornado pode ficar ruim de observar atentamente o seu conteúdo, permanecendo mais escuro devido à quantidade de água e de dejetos que são levantados.
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Classificação, velocidade dos ventos (km/h) e danos provocados
F0 65-115 Leves
F1 115-180 Moderados
F2 180-250 Fortes
F3 250-330 Severos
F4 330-420 Devastadores
F5 420-530 Incríveis
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Corredor dos tornados da América do Sul
Como vimos, o Brasil, e mais especificamente Santa Catarina se encontra dentro da região do corredor dos tornados na América do Sul. As condições climáticas e regionais acabam favorecendo a formação desses fenômenos, por causa das ilhas de calor, relevo, a forte presença de ventos e a relação do ar mais frio que vem da Cordilheira dos Andes com a presença da umidade vinda da Amazônia.
Assim, por isso que Santa Catarina acaba ocupando um dos lugares de maior incidência no país, e por sua vez, o Brasil, fica no segundo lugar, depois dos Estados Unidos. Por isso, não é à toa que os tornados são frequentemente encontrados em telas de Hollywood. Mesmo assim, por mais que pareça que o Estado de Santa Catarina entre na lista primeira, um estudo publicado em 2012 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) afirma que o Estado de São Paulo acaba sendo o líder desse ranking nacional.
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No Sul, também vimos que compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mas São Paulo, Minas Gerais e o sul do Mato Grosso do Sul também acabam sofrendo a influência. De acordo com os metereologistas, e toda essa região, são produzidos cerca de 300 tornados por ano.
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Diferenças entre tornado e ciclone
Na verdade, um tornado é um tipo de ciclone, ou melhor, são formas de redemoinhos atmosféricos que também fazem um giro em torno centrípeto, na baixa pressão atmosférica.
Por outro lado, o tornado é um fenômeno tipicamente continental, já que sua formação acontece na chegada de frentes frias, ocasionando a formação desse ciclone.
Quando um tornado atinge o Oeste, como Xanxerê, por exemplo, bairros residenciais, centenas de casas são atingidas, com ventos tão fortes, estimados em 200 km/h, deixando milhares de pessoas à deriva no fornecimento de água, comida e abrigo. Essas cenas são muito recorrentes nas nossas mídias.
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Tornados em Santa Catarina
São muitas as cidades do Estado, como Guaraciaba, Xaxim, Xanxerê, Maravilha, São Joaquim, Canoinhas e Rodeio que já tiveram registros de tornados.
Mas antes, falando sobre a frequência desses desastres naturais no Estado, pelo menos em estudos que verificam a ocorrência desde 1980 (em estudos de professores do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina, do Programa de Pós-Graduação em Geografia, e do Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), afirmam que Santa Catarina é realmente muito castigado pelas adversidades atmosféricas.
Neste sentido, os elevados pluviométricos, acabam resultando em muitas áreas afetadas, não somente por tornados, mas também por inundações, o que acaba prejudicando diretamente a agropecuária, a indústria e o comércio em geral.
Quem não se lembra de março de 2004, quando o Estado foi castigado pelo Furacão Catarina? Um dos fenômenos mais registrados até hoje denota que o número total de desastres naturais se aproximaram da marca de mil ocorrências.
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Neste estudo científico, de 1976 aos anos 2000, por exemplo, aconteceram muitos episódios de tornados, com danos significativos aos municípios afetados. Além disso, geralmente costumam acontecer entre as estações do verão e da primavera. E, em relação à magnitude, vão de F0 a F3, pela escala Fujita.
Como no ano passado tivemos muitos registros de tornados verificados pela Defesa Civil, também salientamos que o Estado cada vez mais visa otimizar os sistemas de avisos e alertas para eventos meteorológicos.
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Segundo a Defesa Civil, Santa Catarina ainda deve incentivar mais as políticas públicas, principalmente nas regiões onde há maior recorrência de tornados. Trata-se, portanto, de uma questão de cultura, onde os mecanismos de alertas junto à sociedade e poder público funcionam lado a lado, tal como existem em lugares como nos Estados Unidos.
Assim, a frequência de eventos tornádicos em Santa Catarina é alvo de importância para a Defesa Civil, já que não são mais casos esporádicos. No entanto, o estudo mais aprofundado de tornados em Santa Catarina ainda é recente, e pesquisas científicas iniciaram somente na atual década. Além disso, na própria mídia catarinense, não se tinha o devido conhecimento técnico dos fenômenos, sendo por isso, algumas vezes, anunciado de forma equivocada, com nomes de ciclone, vendaval, tufão ou furacão.
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Assim, graças aos estudos científicos, hoje podemos conhecer e diferenciar devidamente o que são tornados, furacões e ciclones.
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Histórico de tornados em Santa Catarina
1948
16 de maio – Canoinhas foi atingida por um tornado F3 causando a morte de 23 pessoas e vários animais.

1984
9 de outubro – Tornado F3 que causou destruição em Maravilha, derrubando árvores e postes de energia. Foram 980 pessoas desabrigadas e perdas de 9 bilhões de cruzeiros, com mais de 400 feridos e cinco mortos.
1987
13 de maio – Tornado F3 em São Joaquim.

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2005
3 de janeiro – Criciúma foi atingida por dois tornados F1 no mesmo dia. Os ventos destruíram completamente casas, derrubaram árvores e muros. Até pequenos incêndios também afetaram a cidade. 1 morte foi registrada.
17 de janeiro – Tornado F0 causou pequenos danos em Xanxerê.

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2006
2 de janeiro – Tornado F0 atinge Florianópolis, destelhando 16 casas e derrubando árvores.
22 de fevereiro – Tornado F0 atingiu Joinville.

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23 de março – Tornado F1 atinge Florianópolis, destruindo árvores, carros, postes, afetando a região que ficou sem luz. Moradores relataram que o chão tremeu durante a passagem do tornado.
2008
16 de fevereiro – Tornado F1 atingiu uma área rural perto de Tubarão, derrubando árvores e destruindo casas.
2 de março – F0 com intensidade desconhecida, se formou próximo a Governador Celso Ramos e foi até a praia de Canasvieiras em Florianópolis.
20 de junho – Tornado atinge Correia Pinto, onde casas e escolas foram destelhadas, árvores foram arrancadas e famílias ficaram desabrigadas.
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2009
8 de setembro – Tornado F4 atinge Guaraciaba, destruindo casas e plantações de 86 famílias. Árvores foram arrancadas e animais foram levados pelo vento. Houve morte de mais 60 mil aves, dezenas de bois e porcos também morreram. Quatro pessoas morreram. Os danos estimados foram de R$ 160 milhões.
2013
11 de novembro – Onda de mais de 3 tornados de intensidades F0 e F1 atingiram São Joaquim. A tempestade também causou uma microexplosão

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2014
30 de outubro – Um tornado F0 destelhou casas e derrubou árvores em Urubici.
2015
20 de abril – Um tornado F3 atinge a cidade de Xanxerê, com 115 casas totalmente destruídas, 9 prédios públicos, sendo 4 escolas, 1 posto de saúde, o ginásio municipal, o estádio municipal e 2 Centros Socioeducativos. Mais de mil pessoas ficaram desabrigadas, 4 pessoas morreram e 120 ficaram feridas
19 de novembro – Tornado F1 atinge Chapecó. Carros e caminhões foram arremessados, árvores e postes foram arrancados e casas foram destruídas.

19 de novembro – Tornado F0 atinge Treze Tílias, danificando um hospital, quebrando galho de árvores e destelhando algumas casas
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2020
10 de junho – Tornado F2 em Descanso.

11 de junho – Tornado em Caçador.
14 de agosto – Tornado deixa R$ 1 milhão em prejuízos em Treze Tílias.
14 de agosto – Tornado F2 em Irineópolis, com muitas casas danificadas
Tornado é registrado em Irineópolis – SC
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