A participação de integrantes de torcidas organizadas no crime que vitimou o jovem torcedor catarinense exige ampla discussão e mobilização para que se acabe de vez com a associação entre futebol e violência.
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As investigações sobre a morte do torcedor avaiano João Grah ainda não estão concluídas, e é necessário que sejam conduzidas com rigor e serenidade, mas a confirmação da participação de integrantes de torcidas organizadas no crime ocorrido na madrugada de quarta-feira, na BR-101, exige ampla discussão e mobilização para que se acabe de vez com a associação entre futebol e violência. Polícias Civil, Militar, Ministério Público e Poder Judiciário precisam encampar o assunto com o máximo de prioridade para combater de forma eficiente a recorrente impunidade que envolve esses casos. A primeira medida a ser defendida é um alinhamento entre as instituições oficiais que garanta a identificação e posterior punição dos criminosos que transformam estádios de futebol em campos de batalha e tornam inseguros os trajetos de volta dos torcedores que foram prestigiar seus times do coração.
O trágico ataque que tirou a vida de um jovem de 27 anos, que havia se deslocado de Florianópolis até Curitiba movido pela paixão ao Leão da Ilha, também enseja com razão a necessidade de um debate sobre como deve ser regulamentado o funcionamento das torcidas organizadas. E até, em caso de medida mais extrema, a pertinência de determinação de extinção das associações. De qualquer forma, há de se ter prudência. Não se trata de criminalizar indistintamente todos os integrantes de organizadas, mas, ao mesmo tempo, é fundamental que grupos violentos sejam banidos das arenas futebolísticas de uma vez por todas. E que atos isolados, de pseudotorcedores que partem para a irracionalidade, também sejam punidos de forma exemplar.
É claro que os clubes têm participação decisiva nesse processo. Uma forma de ajudar nessa cruzada é estimulá-los a estancar financiamentos que acabam resultando em excessivo poder das torcidas organizadas. Ao evitar esse comprometimento, com aumento da vigilância sobre as facções mais perniciosas – seguranças infiltrados, câmeras e outras ações -, garantirão ambientes seguros e que privilegiem o espetáculo da bola, dentro de campo. E deixarão no passado absurdos como os que atingiram mais um torcedor catarinense nesta semana.
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