Oestino de nascimento, o diretor de cultura da Universidade Federal da Fronteira Sul e doutor em História pela Fundação Oswaldo Cruz, Claiton Márcio da Silva, analisou a influência das equipes gaúchas na torcida da Chapecoense e as mudanças nessa relação com o crescimento do clube catarinense.

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DC – A influência da dupla Gre-Nal é fruto da colonização gaúcha?

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Claiton Márcio Silva – Não só pela colonização, mas por influência de rádios gaúchas sintonizadas na região a partir da década de 1950, assim como a Rádio Globo influenciou a torcida do Nordeste para Flamengo e Vasco. Foram duas ou três gerações que se vincularam mais com as coisas gaúchas. Além disso, sempre teve uma rivalidade história com o litoral. Torcer para os times gaúchos era um mecanismo de resistência.

DC – Mas essa influência parece que vem diminuindo, não é?

Claiton Márcio – Com a criação da Chapecoense, acontece na região um fenômeno comum no interior do Brasil, onde as pessoas torciam para o time de sua cidade e para um time de capital. A partir do vice-campeonato de 95 e do título de 96, surge uma torcida mais ufanista, que já canta a Chape. Agora temos uma geração totalmente Chapecoense. A torcida busca uma identidade chapecoense por meio do futebol. Também ajuda isso a questão de ter subido para a Série A.

DC – Quanto tempo leva para que a torcida seja só pela Chapecoense e não por outras equipes também?

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Claiton Márcio – Deve levar ainda uma ou duas gerações, desde que a Chapecoense se mantenha no cenário nacional. É uma mudança lenta. Os pais influenciam os filhos. A