Horas antes de Avaí e Figueirense entrarem em campo no clássico deste sábado na Ressacada, torcedores de uma organizada do Leão da Ilha resolveram apoiar o time antes da partida e levaram um caminhão com trio elétrico em frente à concentração do clube em um hotel do bairro Itacorubi. No local, os torcedores vibraram, gritaram, cantaram e soltaram rojões. Até aí tudo bem, não fosse por um detalhe: o hotel em que o Avaí concentra fica em frente ao Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), complexo médico que trata pacientes com diferentes tipos e estágios de câncer de toda Santa Catarina.
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O administrador Pedro Estrella, de 24 anos, foi quem procurou a reportagem para relatar sua indignação com o comportamento de integrantes da torcida organizada Mancha Azul. O rapaz, que acompanha a tia internada no Cepon, fala que por volta de 11h deste sábado, um trio elétrico e dezenas de torcedores tomaram a frente do hotel localizado há poucos metros do Cepon. Ali, para apoiar o time antes do clássico com o Figueira, rojões foram soltos e cantos avaianos entoados pelos torcedores. Estrella, pacientes, e outros acompanhantes, não gostaram.
— Minha tia não dormiu a noite toda, não se alimenta há oito dias e acontece um fato desses. Muitas pessoas ali estão num estado muito debilitado mesmo. E hoje (sábado) o barulho e as bombas duraram uns 40 minutos. Chamamos a polícia, que apareceu, mas não fez nada, ficou só olhando — relata Estrella, para dizer que o Avaí deveria “considerar mudar sua concentração para um lugar longe da internação de um hospital onde pessoas estão muito debilitadas”.
A reportagem não conseguiu localizar o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, que cobre a região do Itacorubi, para comentar o assunto. Em um dos vídeos enviados à reportagem é possível ver uma viatura estacionada em frente ao Cepon, com dois policiais do lado de fora do veículo.
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A reportagem não localizou nenhum integrante ou liderança da Mancha Azul para falar dos festejos em frente ao Cepon.
Assessoria de imprensa do Avaí lamenta o ocorrido
A assessoria de imprensa do Avaí, ao ser acionada pela reportagem, disse lamentar profundamente o ocorrido, em especial por ter acontecido em frente ao Cepon. Destacou, porém, ser a primeira vez que fato semelhante ocorre na concentração já utilizada há anos pelo Leão da Ilha.
A assessoria lembra que o Avaí não pode impedir os torcedores de manifestarem-se em via pública. Destaca, por fim, que a torcida estava concentrada na Beira-Mar Norte e o evento estaria agendado há dias.
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Lei florianopolitana define entorno do Cepon como “zona de silêncio”
Em Florianópolis, a Lei Complementar 03/1999 dispõe sobre ruídos urbanos e proteção do bem estar e do sossego público. Em relação a hospitais, a lei classifica o entorno das unidades como “zona sensível a ruído ou zona de silêncio”. Nelas é assegurado um silêncio excepcional.
Define-se como zona de silêncio a faixa determinada pelo raio de 200 metros de distância de hospitais, maternidades, asilos de idosos, escolas, bibliotecas públicas, postos de saúde ou similares. A penalidade para o descumprimento da lei são multas, que variam de leves a gravíssimas, em valores que giram entre R$ 75,6 e R$ 37,8 mil.