Era impossível estar no estádio e não vê-lo. Ou ouvi-lo. Aroldo Hadlich sempre estava lá, no Sesi, não importava como estivessem as condições do tempo. Os gritos enfurecidos que ecoavam pelas cadeiras e a presença marcante em absolutamente todas as partidas do Metropolitano, fizeram com que ele não demorasse muito tempo para virar folclórico.
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Sócio do clube que tanto amava, se tornou algo singular no mundo da bola com o passar dos anos: um torcedor símbolo. Uma referência. A personificação da paixão de uma torcida pela instituição. Ele poderia até parecer mal-humorado para olhares desconhecidos, é verdade, mas tinha um coração enorme. E verde. Mas na madrugada deste domingo (28), o fanático pelo Metropolitano perdeu o jogo contra a Covid-19.
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Aos 67 anos, Aroldo não deixa apenas esposa, três filhos e uma irmã. Aroldo deixa órfão um clube que tinha nele o sinônimo de resiliência. Não importavam todas as dificuldades enfrentadas pelo Verdão, de rebaixamentos a falta de um estádio para jogar, Aroldo sempre estava lá. A única certeza das tardes de domingo era encontrá-lo sentado no último degrau da arquibancada, com uma camisa social de manga curta verde-abacate feita sob medida com o escudo do time do coração do lado esquerdo.
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Aroldo se despede deste mundo em dia de clássico, em dia de Metropolitano e Brusque, o jogo mais importante de todos.
O velório ocorrerá das 11h às 13h deste domingo no Crematório Neuhaus, antigo Vaticano, às margens da BR-470, no Salto do Norte — próximo ao Celeiro do Vale. A cerimônia de adeus será restrita à família ainda durante a tarde. Há restrições por conta da Covid-19.
Blumenau, agora, já perdeu 326 vidas para o coronavírus. A de seu Aroldo é uma delas.
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